Sem retirar aos políticos a exclusividade da análise política, e, sem perder o norte das reflexões que posso partilhar como dirigente associativo empresarial, volto a lembrar que é óbvio que um país precisa de um Orçamento de Estado consensual para viabilizar qualquer governação.

Aqui, sublinho as palavras do Presidente da República, proferidas antes de expirar o prazo constitucional para a dissolução do Parlamento, numa mensagem que teve acolhimento nos dois principais partidos e que traduz a imperiosa necessidade que Portugal tem, de se mostrar fiável aos olhos externos, principalmente aos olhos de quem detém poder financeiro.

Neste quadro, face à inexistência de uma maioria parlamentar de um só partido e à existência de apenas duas hipóteses de maioria pela convergência de dois partidos, um OE com as características desejáveis exige uma intervenção mediadora que, à falta de melhor, pode e deve ser exercida pela influência que as opiniões de bom senso venham a assumir.

O Presidente, ao dizer não lhe passar pela cabeça que o país fique sem Orçamento, interpretou as preocupações dos portugueses que sabem, empiricamente, que, não ter uma orientação nítida para a melhor forma de aplicar o dinheiro disponível, é hipótese indesejável, especialmente se a nossa margem de erro é nula.

Os inevitáveis apertos orçamentais implicam soluções que perspectivem o crescimento e desenvolvimento que Portugal precisa, e todos nós, incluindo os empresários, devemos contribuir para tal, também em nome do normal funcionamento das instituições.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 18 de Setembro de 2010 no Expresso

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