Há dias, alguém dizia conhecer um Inglês que vive e trabalha em Lisboa, é casado com uma portuguesa e torce por uma equipa de futebol de Portugal ao ponto de ir ver os jogos da equipa do seu coração que passam nos canais televisivos codificados ao café do bairro lisboeta onde vive, integrado no grupo que ali se reúne para, em equipa, nas noites de jogos de futebol, dar mais força à equipa com a força que umas cervejinhas podem dar.

Por curiosidade perguntei onde habita esse cidadão inglês em Portugal e disseram-me que depois de ter vivido num pequeno apartamento arrendado naquele bairro cheio de torcedores de futebol, um dos bairros mais típicos de Lisboa, quando ainda solteiro, acabou por comprar casa numa outra localização da cidade depois de ter casado com a portuguesa, para desgosto da torcida futebolística do café de bairro.

Não sei se ele chegou a Portugal para aqui ficar pouco tempo deixando-se estar mais do que esperava até prender-se de amores pela portuguesa com quem casou, pelo céu de Lisboa que é mesmo azul como os céus pintados nos livros infantis que lia em criança, bem diferentes dos da terra dele, ou simplesmente pela nossa gastronomia, incluindo os nossos vinhos tão aveludados quanto baratos, no poder de compra de quem nasceu a gastar libras.

Não sei, realmente, o que motivou aquele inglês a gostar de estar em Portugal, a adoptar Portugal como país para viver mas sei que isto é positivo, que isto é natural no nosso país e naturalmente aceite pela população portuguesa que deve ter seguramente, no respectivo ADN, a abertura aos outros, mesmo que às vezes pareça o contrário, uma abertura que foi germinando no tempo em que os portugueses emigrados gostariam de ser bem recebidos nos países que os acolhiam.

Penso nisto ao ler os números mais recentes do investimento estrangeiro em imobiliário português a dar conta que em 2014. uma em cada cinco casas vendidas em Portugal foi comprada por estrangeiros, num total de milhares de aquisições imobiliárias. Em Portugal cresce o número de cidadãos comunitários a quem foi concedido o estatuto de residente não habitual (RNH), com isenção de IRS, se reformados, ou taxa de 20%, se no activo.

Não é só de vistos Gold que vive o investimento estrangeiro no imobiliário português, embora este programa seja responsável pela entrada de mais de 1,6 mil milhões de euros na aquisição de imóveis. Esse investimento cresce graças à credibilidade do valor dos nossos activos e à crescente valorização que eles oferecem, também por força – nunca é demais sublinhar – de ter evitado a bolha imobiliária que esteve na base da crise do subprime.

Também contará a circunstância de sermos um país relativamente pequeno, cujas cidades, mesmo a maior, são cidades médias em termos de população e de território quando comparadas com as grandes metrópoles do Mundo, o que as torna mais adaptáveis às exigências que a nossa condição humana reclama, numa palavra, mais humanizadas mas sem que percam o que de bom as cidades podem oferecer.

Neste equilíbrio, que também carece do contributo que o imobiliário pode oferecer às populações que serve, pode estar o segredo para fruir a cidadania em segurança e em paz como desejamos e disso tentamos fazer o nosso estilo de vida. Como diz – dizem – aquele inglês que torce por uma equipa portuguesa, Portugal é uma nação, bem bonita e sedutora.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 9 de Abril de 2016 no Sol

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