Os senhores das agências de “rating” internacionais, aparentemente autorizados a passar certidões de óbito, decretaram que Portugal está a viver um processo de morte lenta, com todos as consequências de uma tal sentença, nomeadamente no que respeita ao valor dos juros que o país e as empresas portuguesas pagam quando pedem dinheiro emprestado ao estrangeiro.

É bom recordar, que estas agências também devem assumir alguma quota parte das responsabilidades pela crise financeira que vivemos, na exacta medida em que fizeram algumas avaliações que se revelaram pouco rigorosas. Isto sem esquecer que o défice das contas públicas que tanto os escandaliza, foi, também, projectado pela intervenção dos Governos na Economia, numa acção que as próprias agências pediram insistentemente.

Na classificação por letras atribuída pelas agências de “rating” internacional, os dois AA (a classificação máxima são três A) que têm sido atribuídos a Portugal, correspondem a uma “muito forte capacidade para satisfazer os compromissos financeiros”, mas agora há quem lance sobre o nosso país o espectro da perda de um A, classificação que pode ser preocupante, embora ainda haja cinco níveis de B, três de C e um de D.

Ficar com um único A é descer ao nível da Grécia, país que nos venceu, por duas vezes, durante o Europeu de Futebol de 2004, mas cuja Economia é, claramente, muito mais vulnerável do que a portuguesa, como qualquer análise que não se fique pela linguagem fria das fórmulas matemáticas demonstra. As análises económicas não podem reduzir-se a formulas matemáticas, mas cabe-nos a nós, principais interessados na nossa própria viabilidade, restaurar o esplendor de Portugal.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 6 de Fevereiro de 2010 no Expresso

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