O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulgou, há dias, mais um índice mensal relativo às  encomendas recebidas pela indústria portuguesa, no passado mês de Fevereiro, sublinhando a quebra de valor verificada em qualquer dos critérios de comparação mais habituais.

Para o INE, esta realidade reflete a desaceleração do índice do mercado externo, em especial nos países para onde habitualmente exportamos, muitos dos quais, na Europa, estão também a retrair-se e a fazer diminuir as respectivas procuras, em especial junto de mercados externos.

Por outras palavras, muitos dos nossos clientes estrangeiros também estão em crise e tentam comprar menos fora de portas. O resultado é obviamente o da quebra no índice das exportações, um dos pilares da resistência precária em que vive a nossa Economia.

Isto não é apenas válido para as encomendas vindas do estrangeiro dirigidas à nossa indústria. Isto é também válido para a indústria turística que tem de saber encontrar novos mercados se e quando os mercados clássicos começam a retrair-se e a revelar sinais de cansaço.

Se há menos espanhóis a visitarem-nos na Páscoa, se há menos ingleses e irlandeses a fazer férias no Algarve, se há menos nórdicos a procurar o nosso país como segundo país, para gozar melhor uma reforma que aqui, face ao “cambio”,  é mais generosa, então temos de ir à procura de outros mercados.

O turismo português tem de cativar brasileiros, russos, indianos ou chineses, para citar apenas os países que emprestam a primeira letra à sigla BRIC, a sigla das economias emergentes, se quiser que a oferta de qualidade que possui possa atrair uma procura endinheirada que anda à procura de destinos novos.

O Turismo português terá, seguramente, de encontrar novos públicos alvo e de se reinventar para os públicos tradicionais, O Turismo português tem de reconhecer a evidência de alguns mercados externos tradicionais estarem em quebra e precisarem de ser substituídos por outros mercados externos.

Neste esforço de adaptação talvez seja indispensável repensar as nossas escolhas como país que se oferece, balançando entre um turismo de massas, em parte influenciado pelo turismo do Sul de Espanha, e um turismo de maior qualidade, mais selecionado, ou ambos, mas sempre à procura de novos públicos.

Em tempos escrevi que o Algarve talvez esteja a precisar de uma Casa da Música, como a do Porto, ou de um Museu Berardo como o que está instalado no Centro Cultural de Belém, a precisar tanto ou mesmo mais do que a profusão atual de pequenos bares onde é possível seguir, em direto, a transmissão televisiva dos jogos de futebol da primeira liga inglesa. 

Ou talvez precise de outra atração qualquer.  Mas seguramente o que precisa é de mudar e de saber adaptar-se à mudança, cativando, em mercados novos, novos clientes, sob pena de anquilosar definitivamente e de não conseguir voltar à agilidade de outros tempos, como quem, tendo sofrido uma anquilose, deixou perder a capacidade de movimentos de outros tempos. 

Luis Lima

Presidente da APEMIP e da CIMLOP

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 19 de abril de 2013 no Sol

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