Não existe o verbo portugalizar mas existe este sentimento muito nosso e muito especial que faz com que nos comovamos quase até às lágrimas quando, longe da Pátria-Mãe, ouvimos a nossa língua, esta Língua Portuguesa também já eleita território de eleição, e quando somos reconhecidos como empreendedores.

Senti particularmente isso quando, à frente de uma missão empresarial diplomática de promoção do imobiliário português no estrangeiro, percorri mais de 20 mil quilómetros em doze dias, de Boston (Cape Cod & Islands) a San Diego, de San Diego a Nova Iorque (Newark) e de Nova Iorque a Toronto.

O pretexto para essa digressão pela América do Norte foi a realização, em San Diego, da convenção anual da associação de mediadores imobiliários dos Estados Unidos da América, conhecida mundialmente pela sigla NAR, convenção para a qual somos convidados e onde fomos apresentados como uma das melhores associações do sector da Europa.

Nessa convenção esteve presente, como oradora convidada, Condoleezza Rice, a 66ª Secretária de Estado  dos Estados Unidos da América. Nos Estados Unidos da América, esta profissão da mediação imobiliária é considerada. Numa convenção anterior, os oradores mais destacados foram os antigos presidentes Clinton e Bush pai.

Eu e a comitiva que me acompanhou nessa digressão, que em certa medida foi também um marco na internacionalização do sector e no contributo que a mediação imobiliária começou a dar nesse mesmo sentido, acabamos por beneficiar e muito do prestígio que as profissões ligadas ao imobiliário conquistaram, e com justiça, na América do Norte.

Reconhecendo, como é justo que se reconheça, que este sector integra, também entre nós portugueses, todos aqueles que põem mãos à obra de construir e de reconstruir cidades desde o tempo, recorde-se em que nos iniciamos na internacionalização partindo, da Ponta de Sagres, ainda mais para Sul e desenhando vários e sucessivos ciclos do nosso desenvolvimento.

 

O bombordo da nossa barca sempre foi o lado onde avistamos terra, o lado esquerdo das naus quando navegam para Sul, ao lado da costa africana. Sempre foi e continua a ser, mesmo, agora aqui parados, quando olhamos para o triângulo de ouro da nossa internacionalização, um triângulo cujo primeiro vértice está aqui, na Europa a que pertencemos, olhando os outros dois vertices que são a África e a América do Sul.

Nós que temos capacidade para continuar a ser o rosto com que a Europa fita o Mundo, na feliz expressão de Pessoa, nós que erguemos e reerguemos esta terra de acolhimento sem reservas para todos os outros, nós que somos orgulhosamente reconhecidos como gente que tem a inteligência no coração, nós, portugalizando, estamos no bom caminho.

Luís Carvalho Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 28 de maio de 2012 no Diário Económico

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