Tal como pressentia, como empresário do sector atento aos sinais que vão sendo dados pelo mercado, o número de transações imobiliárias realizadas em Portugal durante o ano de 2015, correspondeu a uma subida de 27,4 % face ao número de transações de 2014. Um número bem a meio dos valores que, por várias vezes, fui projetando como possíveis e que, intuitivamente, situei sempre entre os 25 e os 30%.

O aumento das transações imobiliárias adivinhava-se  pela clara reanimação gerada no sector por investimentos de alguns segmentos da classe média que recomeçaram a apostar no imobiliário como destino das poupanças que antes tinham mantido nos bancos, numa atitude de prudência. Isto, claro, a par de um aumento do crédito imobiliário por parte da banca portuguesa.

Mesmo reconhecendo que ainda há localizações sem grande procura, a verdade é que até nestes casos a situação tem vindo a melhorar, embora não com o impacto das localizações mais atrativas algumas das quais já sem oferta para a procura existente. Claro que os preços, embora ainda competitivos, têm vindo a subir abandonando o patamar dos valores artificialmente amarfanhados.

Como continuo a dizer, a capacidade que tivermos em potenciar as localizações que registam maior procura e em redimensionar ou regenerar as localizações onde a oferta ainda seja excessiva fará a diferença relativamente a confirmar o imobiliário português, novo ou renovado pela reabilitação e regeneração urbanas, como  um dos motores com o qual a Economia pode e deve contar.

Como continuo a lembrar, o país não sofreu, na última década, uma bolha imobiliária, mesmo que alguns queiram fazer crer que certas estratégias comerciais de promoção imobiliária, baseadas na diminuição dos preços da oferta,  são geradas por essa suposta bolha, artificialmente alimentada até por inércia.

A realidade supera, quase sempre, a vontade e, de acordo com os dados do Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), transacionaram-se, em Portugal durante o ano de 2015, mais de cem mil alojamentos familiares (107.302),   ou seja mais 27,4% do que em 2014, a evolução positiva registada desde 2013.

Sem ignorar, por ser impossível, o crescente interesse de estrangeiros pelo imobiliário português, devo também sublinhar uma clara dinamização do mercado interno, gerada por contágio e pelo regresso do optimismo e, principalmente o facto de haver grande discrepância entre o montante de crédito atribuído e o valor das vendas efetuadas, num claro sinal de sustentabilidade destes investimentos  muitos deles feitos sem recurso a crédito bancário.

Nada que não tenha sido previsto e antecipado até por investidores estrangeiros, atentos às oportunidades de negócios que se oferecem em todo o Mundo, que vinham, há muito, reconhecendo o imobiliário português como um destino certo e seguro para investimentos outrora vocacionados para outras aplicações, algumas das quais dramaticamente voláteis.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 28 de Março de 2016 no Jornal i

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