Preferia, como sempre prefiro, dizer mais vale tarde do que nunca, mas em rigor só posso arriscar um tímido aplauso por reconhecer que é positivo tendo, em entanto, de sublinhar que é ainda muito pouco e já tardava há muito.

Refiro-me à abertura de uma há muito prometida linha de crédito, a juros favoráveis avalizados pelo Estado, destinada a obras de Reabilitação Urbana a desenvolver por particulares com vista a arrendamento urbano a preços controlados, ditos menores dos que o praticados no mercado.

A verba agora disponibilizada, metade de uma tranche de 50 milhões, é uma pequena gota de água para as necessidades do país em matéria de Reabilitação Urbana. E o que se oferece não é um subsídio a fundo perdido – é apenas um empréstimo com juros, favoráveis mas juros de um empréstimo que, como é normal, será devolvido.

Devolvido e com um retorno muito maior para a Economia pois sabe-se, há muito, que o investimento na tão necessária Reabilitação Urbana é uma aposta segura, urgente e indispensável para que o imobiliário volte a consolidar-se como um dos motores do nosso desenvolvimento.

Começa aliás a ser reconhecido de forma mais evidente que este sector deveria ter sido poupado à fúria do assalto fiscal que a nossa história recente registou, desde logo por ser um dos esteios para a manutenção de muito emprego e de muito emprego que uma vez perdido é igualmente de muito difícil recolocação noutros sectores.

Erros e atrasos como os verificados são também responsáveis pelo ritmo lento da nossa recuperação, tanto mais frágil quanto o seu sucesso depende igualmente da existência de conjunturas externas minimamente favoráveis, condição que se sabe é difícil de assegurar nos tempos que correm.

Por tudo isto, as medidas agora anunciadas são positivas, posto que já tardassem há muito e posto que sejam ainda muito tímidas. Espero bem que não sejam medidas próprias do calendário presente e que venham a ter continuidade, no futuro, com reforço, independentemente de quem tiver de gerir esse futuro.

É que a Reabilitação Urbana num país onde, números redondos, há um milhão de casas a precisar de obras mais ou menos profundas, é uma opção indiscutível para o futuro do próprio país, como é consensual há muito tempo, como sempre tenho sublinhado nas reflexões, que faço em torno do mercado imobiliário português.

Sempre a visar a conciliação permanente dos interesses das empresas do sector com os interesses da Economia Portuguesa e das famílias portuguesas – único caminho para devolver ao sector imobiliário o papel que este deve e tem de desempenhar na recuperação global do país moderno que queremos a voltar a ser.

O nosso património construído tem o direito de projetar a respetiva qualidade e de assumir-se como bom destino para investimentos, nacionais e estrangeiros, pelo que se justifica todos os incentivos para a Reabilitação Urbana, incluindo aqueles, como o que entrou há dias em vigor, destinados à reabilitação para o arrendamento a preços controlados.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 17 de Julho de 2015 no Sol

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