A primeira emissão de dívida pública portuguesa, em 2011, registou maior procura do que emissões anteriores e também foi colocada com juros mais baixos, mas este resultado estava, à partida, condenado a ser considerado mau por muitos dos analistas com passe social em vários canais de televisão e noutros palcos.
Sim, mas – dizem alguns – acrescentando logo que não sabem se foram os chineses, se foi o Banco Central Europeu, se foi o quem quer que tenha sido, num desabafo muito semelhante a um que anda pelo Youtube, num dos apanhados televisivos, e que é protagonizado por uma senhora do Norte que terá sido despedida.
Na vontade de alguns que se julgam capazes de ter premonições sobre o futuro da nossa Economia e estão preocupados com tal (rol que inclui, pelo menos, um prémio Nobel da Economia), este país, com séculos de história, não deveria ter recuperado a independência em 1640 para ser apenas uma região autónoma, com língua e literatura próprias.
Má sorte de ter nascido na periferia da Europa, mesmo que esta periferia seja a que fica a caminho da América, e, de ser pilar de uma das raras pontes seguras para África e para a América do Sul.
E o que é estranho em tudo isto, é que, às vezes, Portugal, pela sua dimensão territorial e pela sua população, às vezes parece não contar no contexto europeu, para certos analistas, enquanto noutras conta como nunca contou. Tem dias. Mas mais estranho ainda é que haja, entre nós, quem esteja sempre a sublinhar as nossas fraquezas e nunca as nossas forças.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 22 de Janeiro de 2011 no Expresso