Se olharmos com atenção para a proveniência dos fluxos turísticos que procuram Portugal, talvez não sejamos capazes de perceber, à primeira vista, que os turistas chineses triplicaram nos últimos 4 anos, ultrapassando os 74 mil em 2013. Sabemo-lo com este rigor pelos números revelados pela agência noticiosa  oficial chinesa Xinhua.

Na linha das reflexões que estes dados podem gerar, parece-me evidente que grande parte desses turistas não nos visitam para descansar ou fazer praia. Quem vai à praia dificilmente vê, no toldo do lado ou na toalha de praia que está mais próxima, alguma família de chineses ou mesmo alguns jovens adolescentes deitados a “fazer bronze”.

A confirmação do que maioritariamente interessa aos turistas chineses foi também dada pela Xinhua na citação de um profissional do setor a dizer que os chineses que fazem turismo no estrangeiro procuram muito mais ofertas no campo da História e da Cultura do que os clássicos destinos de praia que os ocidentais tanto apreciam-

“A indústria do turismo em Portugal deve promover mais a História e a cultura do que as férias na praia”, recomenda o referido especialista,  Wolfgang Georg Arlt, diretor do China Outbound Tourism Research Institute (COTRI) nas declarações prestadas à agência noticiosa chinesa, no âmbito de uma reportagem potenciada pela recente visita do Presidente Cavaco Silva à China.

Nos últimos anos a ocupação chinesa na hotelaria portuguesa mais do que duplicou, crescendo 232% desde 2009,  ou seja, passando de 23 mil para mais de 74 mil em 2013. A China é hoje a segunda maior economia mundial, a seguir aos EUA, e o maior país emissor de turistas – quase cem milhões em 2013 que são a principal fatia da procura turística em muitos destinos.

Além de muitos e em franco crescimento, os turistas chineses gastam em média mais dinheiro do que outros turistas, superando os alemães e os americanos. De acordo com números oficiais, quer de Washington quer de Pequim,  os turistas chineses que visitaram os Estados Unidos da América em 2011 gastaram em média mais de 5000 mil euros, o triplo dos gastos médios dos outros turistas.

E não foi, estou certo, seguramente nas esplanadas das praias da Florida. A procura turística que emerge das novas potências económicas tem interesses que uma oferta inteligente deve saber adivinhar e satisfazer, se quiser realmente aproveitar uma das indústrias que mais cresce em todo o Mundo, ou seja, a promissora indústria turística.

Há muito que as grandes companhias aéreas reservam, nos voos de longo curso, espaço para lugares de primeira, necessariamente selecionados, em menor número que os de executiva ou os da classe económica. Sabemos que o turismo faz-se com todos os passageiros que nos visitam mas com ofertas diversificadas e adequadas às diferentes procuras.

Já não basta ter um clima ameno, boas praias, uma melhor gastronomia e vinhos que são marcas de referência em todo o Mundo. Há procuras que exigem isto mas exigem muito mais e nós, que dizemos querer apostar no Turismo, temos de encontrar as ofertas certas para todos os públicos.

 

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 30 de junho de 2014 no Jornal i

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