Contrariando estudos de gabinetes estrangeiros qualificados e independentes que apontam o imobiliário português, por não ter sofrido os efeitos de qualquer bolha imobiliária desde pelo menos o ano 2000, como um bom refúgio de investimento inclusivamente em cenários extremos como seriam, por exemplo, os causados por uma saída da Grécia do euro, alguns profetas aparecem de quando em vez a lançar as piores desgraças sobre o nosso património construído parecendo incomodados com o bom comportamento do sector.

Quando os preços no mercado imobiliário português aumentaram, nos 13 anos que este século já leva, em percentagens adequadas à inflação e claramente muito inferiores às registadas, em idêntico período, nos países onde realmente houve uma bolha imobiliária, insistir neste fantasma para denegrir o nosso mercado é, no mínimo, uma estranha profecia muito pouco transparente e ainda menos interessada na recuperação do país.

Portugal foi visitado, já em plena crise das dívidas soberanas e do euro, por especialistas internacionais atentos à construção e ao imobiliário, incluindo técnicos da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) e a conclusão a que chegaram apontou para a sustentabilidade do nosso mercado imobiliário. A quebra de preços que então se verificava, em alguns segmentos, nunca correspondeu a um ajustamento por uma qualquer bolha, antes à necessidade, quase desesperada, de gerar liquidez face às dificuldades de financiamento.

O discurso das bolhas imobiliárias secretas ou escondidas, como se uma bolha imobiliária pudesse esconder-se, aponta para o empobrecimento da população portuguesa pois visa desvalorizar o património construído, incluindo aquele que se julga a salvo destas operações suspeitas por não estar a oferecer-se no mercado – todo o património construído será atingido pela desvalorização forçada mas talvez seja este o objectivo oculto de algumas profecias.

Nesta minha trincheira contrária, sinto-me bem acompanhado, ao lado, por exemplo, do Eng. Mira Amaral, que olha para os investidores estrangeiros sem preconceitos e muito menos sem os difamar, como certos profetas para quem certos investidores são certamente pessoas que enriqueceram ilicitamente.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 07 de abril de 2014 no Diário Económico

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