Há fundos internacionais interessados em comprar em Portugal, pelo menor preço possível, património imobiliário que, entretanto, se tornou ativo indesejado da banca. Pretendem com esta operação reabilitar, reestruturar e voltar a vender.
Os investimentos mínimos nestes fundos (que não garantem reembolso antecipado de capital ou liquidez no período da maturidade, entre dois e dez anos) elevam-se a mais de cem mil euros mas oferecem rentabilidades entre os 25 e os 30%.
Tudo isto é assumido publicamente e está – não o duvido – dentro do quadro da legalidade vigente embora seja, como é fácil de perceber, uma fórmula para um enriquecimento fácil, à custa do empobrecimento das famílias portuguesas de novo aliciadas para soluções apresentadas como inevitáveis.
Mesmo que tenha sido difícil no passado, resistir à tentação de contrair um crédito no limite da taxa de esforço para adquirir casa própria, não é aconselhável, no presente, ceder à possível facilidade de dação do imóvel para resgate de dívidas difíceis de saldar.
Nem é aconselhável (neste caso a outro nível) fazer descontos chorudos, por grosso, na venda de créditos mal parados. É preferível renegociar as condições dos pagamentos de tais créditos com os primeiros clientes, mesmo que estes sejam muitos e cada um deles um pequeno cliente.
O contrário é transferir, de mão beijada, grande parte da nossa riqueza, da riqueza das famílias portuguesas, para os poços sem fundo de gente, sem rosto, que julga estar a fazer propostas irrecusáveis quando tentam comprar, pela metade do preço, parte da nossa riqueza.
Na verdade, tais propostas devem ser propostas recusáveis.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 09 de julho de 2012 no Jornal i