O sonho que muita gente acalenta de poder criar um filho que venha a ser o cientista que descobre a cura milagrosa para o cancro não passa de um sonho. A cura para o cancro, ou para outra doença incurável, jamais será um rasgo único – neste campo o que se espera, e é difícil, é que sejam dados passos pequenos passos, confirmados e consolidados, no longo caminho do combate a tais doenças.
A cura do cancro é uma expressão dura que não traduz aquilo que a maioria gostaria que traduzisse, ou seja, a identificação de uma droga, um medicamento preferencialmente de fácil toma que uma vez ingerido teria o condão de limpar o doente dessa doença tão terrivelmente assustadora que muitos nem sequer gostam de a nomear. Qualquer cura é um caminho longo.
Por analogia, direi que os remédios para os males, graves e ou crónicos, das Economias são também pequenos passos, pequenos sinais consolidados, que apontam para a inversão desta ou daquela tendência. Pequenos sinais como aqueles que o senhor vice primeiro-ministro, Paulo Portas, identificou como começando a estar visíveis na Economia portuguesa.
Esta, reconheceu o dirigente centrista, bateu no fundo, como se adivinhava na sequência do resgate a que teve de recorrer, mas já estará de regresso à normalidade possível, de forma lenta, numa recuperação que todos quererão consistente e suficientemente forte para evitar recaídas, ou recidivas para continuar a usar uma linguagem médica, sempre muito perigosas.
Os sinais, cito Paulo Portas, são ainda ténues e ainda não estão garantidos, carecendo de uma ampla compreensão e proteção para se tornar uma tendência. Aponta para o crescimento, para a redução do desemprego, para o aumento das exportações, para um crescente investimento na Agricultura e até para o incremento da produção industrial.
O líder do Partido Popular não citou o sector imobiliário mas também aqui há alguns sinais que apontam no mesmo sentido. Disso é sintoma o volume crescente dos golden visa atribuídos a investidores estrangeiros no nosso imobiliário, instrumento de captação de investimento desenhado pelo próprio ministro Paulo Portas.
São ainda e apenas 150 mas que correspondem, no mínimo a 75 milhões de euros em transações imobiliárias, tendo em conta que o montante mínimo de investimento para a obtenção de um visto de entrada e residência em Portugal, por esta via, é de meio milhão de euros. Os milhões assim entrados são insuficientes para o equilíbrio das nossas contas, mas são um passo nesse sentido.
Não valem menos por serem pequenos passos. Tal como os avanços científicos nas permanentes investigações desenvolvidas no âmbito do combate às mais terríveis doenças que assolam a humanidade. Às vezes doenças que matam e que facilmente deixariam de matar tanta gente, como é o caso da malária, para a qual ainda não cura mas que poderia, sem grandes custos, ser mais e mais eficazmente prevenida.
A consciência da importância dos pequenos passos para consolidar a esperança e para fazer o caminho da cura é também essencial.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 16 de Setembro de 2013 no Jornal i