Sem contar com os desempregados que não se inscreverem nos Centros de Emprego, e que serão em número relativamente significativo, o número de pessoas sem emprego continua a crescer em Portugal, tendo atingindo, em Novembro, os 523.680, segundo o próprio Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Sabe-se que, o mercado de trabalho tem um comportamento desfasado da evolução da própria Economia, o que significa que a diminuição do volume de desemprego só será visível alguns meses após a recuperação de outros índices da vida económica, com todas as consequências que este desfasamento implica.

Por variadíssimas razões, a percepção deste fenómeno não é evidente, apesar da gravidade social que a realidade gera, tanto mais quanto os apoios aos desempregados, por força do efeito do desemprego de longa duração, estão longe de acompanhar o próprio crescimento deste problema número um do país, problema matriz de muitos outros problemas.

Lembrando os efeitos que podem resultar pelo facto de centenas de milhares de pessoas estarem longos períodos sem trabalhar, e sem reconhecer no trabalho um dos pilares da nossa Sociedade, numa sobrevivência perigosa por ociosa, direi que, o grande teste politico do momento é, precisamente, este de estancar e inverter esta realidade.

A criação de emprego, preferencialmente estável, é o grande desafio da Europa, especialmente no quadro que Marek Belka, um especialista do Fundo Monetário Internacional (FMI), traça e que diz que o desemprego na Europa só vai começar a diminuir entre o final de 2010 e o princípio de 2011.

Isto, se as economias da região registarem um crescimento robusto, o que implicará a manutenção dos planos de estímulo à Economia durante 2010. Sem prejuízo – entenda-se – do equilíbrio indispensável a uma manutenção das medidas de apoio aceitáveis e retirada das medidas excepcionais, como a das injecções de dinheiros no sistema.

Mas o recado mais importante das advertências de Marek Belka está presente numa observação deste especialista, quando lembra que em países mais bem estruturados, como a Alemanha e a Holanda, a taxa de desemprego quase não se alterou com a crise, em contraste com outras economias europeias, de Leste e de Oeste.

Os meus votos neste meu último texto em 2009 são que, 2010 seja um ano bem empregado nas políticas de criação de emprego.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 30 de Dezembro de 2009 no Público Imobiliário

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