Os bancos portugueses que se submeteram aos testes de resistência conduzidos pela Autoridade Bancária Europeia (EBA) possuem todos, sem excepção, valores acima dos mínimos exigidos para enfrentar 2012 na hipótese de cenários adversos. Todos os bancos portugueses em exame passaram os testes, situação que não se verificou em Espanha e na Alemanha onde algumas instituições bancárias revelaram debilidades.

Mas apesar deste cenário, a Moody’s cortava, horas depois de conhecidos os resultados, o rating de sete bancos portugueses, colocando cinco no já famoso patamar que as agências de notação classificam de lixo e dois ligeiramente acima da lixeira. Temos de nos habituar a esta linguagem agressiva que projecta siglas infelizes como a dos países com problemas financeiros (PIGS) ou classificações higienicamente pouco recomendáveis.

Esta classificação prejudica directamente empresas e famílias portugueses que passam a ter ainda mais dificuldade de acesso ao crédito, perante as próprias e crescentes dificuldades dos bancos portugueses que as “Moody’s” tentam lançar para a lixeira têm em conceder tais financiamentos. No juízo unilateral das “Moody’s”, a banca portuguesa passa a lixo depois de ter passado, com alguma margem de segurança, os apertados testes de resistência europeus.

Começa, de facto, a ganhar força a ideia da urgência em pôr um travão a esta prepotência ilegítima e suspeita por parte de certas agências de rating, cujas classificações não parecem ser tão rigorosas como deveriam e apontam para o favorecimento de circuitos especuladores onde parecem incluir-se grupos económicos com interesses directos em algumas das agências em causa.

Esta realidade configura um escândalo que deveria merecer idêntica repercussão à que está a ser gerada pelo caso das escutas telefónicas ilegítimas levadas a cabo a coberto de acção jornalística de um tablóide (já encerrado) do Grupo Murdoch. Talvez até – como já o disse – mereça a criação de um Tribunal Internacional, semelhante ao Tribunal de Haia, que investigue as acções desenvolvidas por estas agências e determine se, realmente, elas configuram o que parecem configurar.

É, no mínimo, urgente saber que interesses movem as Moody’s…

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 19 de Julho de 2011 no Diário de Notícias

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