A questão da quebra das avaliações bancárias dos imóveis, cujas transacções tentam passar no difícil crivo do crédito à habitação, é, apenas uma vicissitude, infelizmente significativa, da via sacra do acesso ao crédito e não, como há quem queira fazer crer, uma inevitabilidade resultante de uma hipotética desvalorização do património imobiliário.

Antigamente, no tempo em que os bancos contratavam avaliadores tão generosos que avaliavam os imóveis a preços tais, que o empréstimo concedido dava para comprar a casa, para a mobilar e ainda para que os novos proprietários pudessem também mudar de carro, antigamente dizia-se que quem desdenha quer comprar. Agora diz que quem desenha não quer emprestar, especialmente se for um banco.

Sabe-se que há, mais ou menos assumidas, restrições bancárias na concessão do crédito para a habitação, e que essas restrições passam, muitas vezes, por avaliações apertadas, mesmo quando os bancos já só emprestam valores que ficam muito aquém do valor da transacção, dificultando a acesso à aquisição de casa própria, a muito boa gente, incluindo a gente que pode pagar o empréstimo mas que não possui a entrada inicial correspondente ao que falta para obter a verba total que o negócio necessita.

O valor do património imobiliário, vulgo o valor das casas, não é, nem as actuais bem apertadas avaliações que se fazem, no seio da banca comercial, para efeitos da concessão de crédito à habitação, nem as, exageradamente generosas avaliações que se fizeram num passado não muito distante, quando existia uma concorrida competição pela concessão de crédito. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas o património imobiliário não está, felizmente, em saldo.

Publicado dia 3 de Fevereiro de 2010 no Diário Económico

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