A mega operação imobiliária para alienação do património na posse do Estado, marcada para decorrer até à passada quarta-feira, esteve muito longe de atingir os valores previstos nas primeiras sessões – o erário público arrecadou 52 mil euros, em duas transacções, sendo difícil chegar aos 10 milhões sonhados.

 

O problema não está na indisponibilidade financeira dos potenciais compradores como alguns amanuenses de serviço pretendem fazer crer para esconder as opções erradas que presidiram à montagem da operação imobiliária, num “obreirismo” para FMI ver que, mais uma vez, saiu furado e a merecer o mais vivo repúdio.

O Estado não deu o melhor exemplo, apostando na ilusão da dispensabilidade da mediação imobiliária, recuando assim algumas dezenas de anos ao tempo em que esta era uma profissão considerada inútil e susceptível de ser eliminada.

O resultado está à vista: leilões quase desertos, em alguns momentos literalmente desertos, e transacções insignificantes que se concretizaram, no primeiro momento do balanço da operação, numa parcela de terreno que terá rendido 1620 euros e num apartamento que atingiu 50.100 euros. Um fracasso que nem a crise justifica.

A Direcção-Geral do Tesouro e Finanças não está vocacionada para aproximar a oferta e a procura em nenhum mercado, muito menos num mercado difícil como é, actualmente, qualquer mercado imobiliário. Os profissionais vocacionados para tal são os mediadores imobiliários. Cobram o serviço, mas a vale a pena pagar-lhes.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 2 de Julho de 2011 no Expresso

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