O impacto no sector imobiliário português que os anunciados brutais aumentos dos impostos sobre o património pode gerar, faz com que a nossa vontade em voltar a erguer um Salão Imobiliário como o recente SIL 2012 não esteja garantida. Como disse na cerimónia de entrega dos prémios do Salão Imobiliário referentes ao corrente ano o Dr. Paulo Sousa, presidente da Comissão Organizadora do SIL 2012, em representação da Caixa Geral dos Depósitos, a nossa vontade de voltar em 2013 é enorme. Portugal precisa que o sector imobiliário contribua para a urgente recuperação económica do país, mas as perspectivas que se desenham são bastante pessimistas.

Durante a semana do Salão Imobiliário de Portugal (SIL2012), cruzei-me em Lisboa com alguns amigos que não me sabiam na capital e que me perguntaram a razão da minha presença na cidade. Falei-lhes do próprio salão e da minha habitual participação neste fórum anual mas, na leveza desta conversa de circunstância, acabei por verbalizar o que já está no meu subconsciente há algum tempo – se o rumo para o sector é o que se desenha então, para o ano, não sobrará ninguém para erguer o SIL2013, apesar do empenho publicamente assumido pelo meu amigo Paulo Sousa.

A minha esperança – e tendo em conta que alguns daqueles amigos com quem me cruzei em Lisboa são políticos – é a de poder sensibilizar aqueles que possam ter uma palavra a dizer nesta matéria, no sentido de uma maior lucidez no que toca às opções a assumir para com o imobiliário, sector que, entre nós, é indispensável para a recuperação económica podendo até identificar-se como motor para a captação de investimentos que apenas aguardam destinos seguros para as respectivas aplicações. Desde que haja vontade política neste sentido, entenda-se.

O futuro do imobiliário português e, em parte, também o futuro da Economia portuguesa passa por esta problemática que foi também a que esteve no centro das atenções durante o Salão Imobiliário de Portugal (SIL 2012), nomeadamente com todas as discussões desenvolvidas em torno da fiscalidade sobre o património, com particular relevo para o caso do Imposto Municipal de Imóveis (IMI), que começou a marcar a agenda na semana passada, em parte também pela acção da APEMIP que oportunamente lançou, durante o SIL2012, um rigoroso estudo sobre a fiscalidade que tolhe o sector.

Por tudo isto e pelas incertezas que ainda pairam sobre o nosso sector, não posso garantir, como deseja o meu amigo Paulo Sousa, que dentro um ano possamos estar no Salão Imobiliário de Portugal (SIL2013) a perspectivar, pela positiva, o próprio futuro da nossa Economia. Será para todos nós, será bom para o país que tal aconteça.

Luís Carvalho Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 17 de outubro de 2012 no Público

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