Num mosaico informativo onde pontificam casos de bancos, como o chamado caso BPN, ressaltam aos olhos de quem lê ou aos ouvidos de quem ouve frases soltas que parecem remeter o imobiliário e, por consequência, a mediação imobiliária, “o ramo imobiliário”, como se diz, para um universo pouco claro e nada transparente de gestões e outras razões duvidosas.

A notícia pode ser a da constituição como arguidos, num inquérito a determinado caso, de um antigo governante e de dois administradores de uma sociedade de gestão e exploração imobiliária, com a qual o referido governante teria ligações, notícia apimentada com buscas a casas de antigos ministros e com transacções imobiliárias a favor desta ou daquela instituição.

Tudo isto aconteceu plausivelmente, estas informações estão, seguramente, baseadas em factos verdadeiros, mas a mensagem que tais “factos” transmitem amplia-se de forma tão exagerada que acaba por resultar numa distorção involuntária da imagem do próprio sector imobiliário, retratado em tons negros e injustos.

Perigos idênticos existem na série televisiva “Conta-me como foi”, série notável a vários níveis, que ficciona a década 60 do século XX português, aparentemente sem abordagens moralistas, sem juízos de valor, sem aspirações documentalistas e sem tomar partido mas que também deixa passar uma imagem pouco clara de quem trabalha no imobiliário.

Sendo certo que esse retrato está datado e reflecte o estado da construção e do imobiliário à época – por exemplo, pouco ou nada preocupado com o meio ambiente, para citar uma situação que não oferece dúvidas -, a verdade é que essa imagem do sector, menos transparente, pode projectar-se, agora injustamente, na actualidade.

O sector da construção e do imobiliário – que recentemente se organizou na Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) – é hoje um sector chave da economia que se rege com regras de conduta rigorosas e transparentes a oferecerem segurança caucionada ao público consumidor que nos procura.

As transacções e os negócios imobiliários que são mediados pelos profissionais da mediação imobiliária assumem hoje uma transparência de procedimentos sem comparação com qualquer outra transacção, incluindo aquelas que parecem mostrar-se acima de qualquer suspeita só por publicitarem a ideia de que, no caso, “trata o próprio”.

O “próprio”, mesmo reconhecendo que há gente muito honesta que continua a honrar a palavra dada, não tem, como as empresas de mediação imobiliária, a obrigação legal de, por exemplo, assegurar que quem vende um imóvel tem legitimidade para o fazer e não vai fugir com o dinheiro do sinal. O “próprio” não tem um seguro de responsabilidade civil que cobre negligências nestas garantias.

É por isso que a expressão da APEMIP “Negócio Mediado, Negócio Acertado” tem a força que tem. É por isso que eu me assumo como um empresário do ramo imobiliário, com muita honra e transparência.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 31 de Julho de 2009 no Sol

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