Embora reconhecendo que o sector primário, aqui considerado Agricultura e Indústria, é fundamental para a criação de riqueza e, consequentemente, para o crescimento com desenvolvimento das nações, devo sublinhar, reconhecendo como verdadeiro, que é nas cidades, e em especial nas grandes cidades, que melhor é possível viver, fruindo os direitos de uma verdadeira cidadania.

As sociedades democráticas tendem a aproximar os interesses das respectivas instituições políticas com os objectivos que estão subjacentes aos direitos dos cidadãos, individualmente considerados quanto possível. Esta é, aliás, a principal razão pela qual é preocupante, não apenas alguma apatia relativamente à politica, mas também o surgimento de velhas intolerâncias sociais e até de práticas como a da fuga aos impostos ou a do desprezo pelos valores da sustentabilidade.

As sociedades modernas equiparam os direitos civis aos direitos políticos e aos direitos sociais , gerando, por vezes, uma cidadania “passiva” que parece alhear-se daquilo a que poderíamos chamar  “deveres cívicos”, numa acomodação que se sentirá mais, e de forma mais problemática, nos momentos mais difíceis e de menor prosperidade.

Entre aqueles que atribuem aos direitos sociais uma alargada participação nos aspectos fundamentais da sociedade e aqueles que  acusam os estados-providência de incentivarem a passividade, principalmente entre os mais desfavorecidos, ressaltam aqueles que defendem a sociedade civil como um espaço tão vasto quanto o são instituições tão diversas como as igrejas, os sindicatos, as associações empresariais, entre outras, um espaço típico das cidades onde aprendemos e podemos ser cidadãos.

Esta reflexão torna-se importante em momentos como o que atravessamos, nomeadamente quando muitos de nós são tentados a olhar para a politica como uma actividade desvalorizada, ainda necessária mas desagradável. Julgo que, esta concepção é perigosa e só pode combater-se com um incentivo à cidadania activa em oposição à comodidade da nossa vida pessoal, privada.

É nesta perspectiva, e num quadro de dificuldades como o que atravessamos, que os projectos de reabilitação e regeneração urbanas, devem também ser vistos como projectos prioritários, não apenas pelo emprego que possam gerar e pelos negócios que necessariamente geram, mas também pelo facto de contribuírem para aprofundar a nossa própria Democracia.

E em momentos de matriz regeneradora como o que vivemos, um impulso desta natureza pode fazer realmente a diferença. Daí, este permanente empenho pela Reabilitação Urbana.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 11 de Maio de 2011 no Público Imobiliário

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