Na hora em que tantos tanto parecem gostar de fazer comparações entre Portugal e a República da Irlanda, não disfarçando preferirem Dublin a Atenas no jogo das afinidades que existem entre os que enfrentam as mesmas provações, seria interessante olhar melhor para o esforço colocado na Reabilitação Urbana de Dublin.

Como muitas cidades, entre quais as de Lisboa e do Porto, Dublin sofreu um processo de despovoamento e de degradação urbanística do centro. Em meados do século passado o centro da capital irlandesa era densamente povoado por populações pobres que assistiam ao êxodo para as periferias da classe média e da classe média alta.

Configurando o que alguns autores chamam de “slum city”, ou seja, cidades com espaços de matriz afavelada, Dublin assistiu no último quartel do século XX ao primado das periferias sobre o centro, quase inviabilizando o núcleo central da cidade como um lugar onde é possível e até desejável viver, trabalhar e visitar.

No final do século XX, tentando inverter aquela tendência, o Dublin City Council, entidade responsável pela reabilitação urbana da cidade que possui capacidade de intervenção no plano da fiscalidade, desenha, recorrendo também a claras facilidades fiscais para quem reabilita, caminhos que aliciam os proprietários e o sector privado a entrar neste desafio.

Este exemplo irlandês da cidade de Dublin, que se reabilita, renova e repovoa, assumindo-se como um dos polos do renascimento económico da Irlanda, merece ser importado e aplicado em cidades, como a do Porto e em especial a de Lisboa, onde é urgente que a reabilitação se assuma como motor do crescimento.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 07 de Dezembro de 2013 no Expresso

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