Num contexto em que sobram as situações inesperadas que nos desacreditam e nos fazem desacreditar de nós próprios, os sinais que indiciam um aumento, mesmo que ligeiro, das expectativas positivas das famílias e, principalmente, o aumento das vendas de retalho a marcar o primeiro trimestre do ano fazem-nos reacreditar na nossa recuperação.

Utilizo o verbo reacreditar e vejo que o processor de texto onde escrevo o assinala como errado ou inexistente. Confirmo que há dicionários que contemplam o verbo reacreditar e outros que assinalam esta palavra como inexistente. Dúvida quase idêntica à da nossa Economia sobre esta questão, com os altos e baixos das exportações e as tímidas compensações do mercado interno.

Estudiosos dos comportamentos das Economias, ligados a um gabinete de investigação de um banco internacional, divulgaram recentemente um estudo a referir que a tendência de melhoria da confiança das famílias portuguesas, iniciada no último trimestre de 2012, em parte pela evolução do mercado de trabalho e pelas expectativas de uma redução da taxa de desemprego, pode justificar o aumento do consumo interno.

Claro que vai ser necessário mais rendimento para as famílias. Sem este aumento e dado que as exportações não podem crescer até ao céu, o valor que podemos atribuir ao nosso reacreditar pode ser insuficiente para gerar a recuperação que precisamos para honrar os nossos compromissos (dívida externa) e as nossas necessidades (o Estado Social).

Volto a pegar no estudo que tenho estado a ler e confirmo as habituais ressalvas académicas – as estimativas devem ser entendidas como previsões ou projecções, enquanto que a evolução histórica das variáveis económicas (positiva ou negativa) não garante uma evolução equivalente no futuro. Nada a acrescentar, excepto um pequeno pormenor que os estudos não podem contemplar mas que quem escreve reflexões em torno destes temas não pode esquecer.

Refiro-me às condições subjectivas que passam pelos sentimentos das pessoas que sofrem os efeitos das Economias. Se estas não reacreditarem não há exportações ou procura interna que resistam.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 29 de setembro de 2014 no Diário Económico

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