O chamado mercado monetário interbancário do Sistema de Transferências Eletrónicas de Mercado (Siteme) do Banco de Portugal (BdP), que estava descontinuado desde Janeiro de 2009, foi reativado em Setembro e movimentou quase 11 mil milhões de euros nos primeiros três meses, num claro sinal de reanimação da economia. O comprido nome deste mecanismo identifica a prática do funcionamento do mercado monetário interbancário doméstico, nesta primeira fase de reativação a um ano e sem garantia.
Esta operação, cuja reativação tinha sido admitida em Abril pelo governador do BdP, Carlos Costa, empenhado em pôr os bancos que trabalham em Portugal a emprestarem dinheiro entre si, é claramente um bom sinal de confiança na Economia que pode ser vista como um verdadeiro botão de ignição capaz de fazer arrancar os motores.
As transações de liquidez começaram a ser efetuadas, na sequência da crise financeira despoletada em 2008, quase exclusivamente a nível europeu, o que justificou a suspensão deste mecanismo agora reativado, mecanismo para já limitado a empréstimos a um ano sem garantia, com perspetiva de abertura do mercado monetário interbancário doméstico com garantia de ativos.
A importância desta notícia, que catalogamos quase automaticamente como informação económica especializada, reside na superação dos claros e compreensíveis constrangimentos que se verificaram (e ainda em parte se verificam) nas transações interbancárias da zona euro, superação indispensável para o regresso da confiança aos Mercados.
Esta é, de facto, uma boa notícia para 2013. Indicia uma situação, mais do que desejável, de superação da chamada aversão ao risco, sintoma do sistema financeiro que paralisava o próprio sistema e com ele as Economias, agravando a crise cujo epicentro reside nas dívidas soberanas, fazendo aumentar o risco de uma espiral recessiva indesejável.
Às vezes, na pressa com que comunicamos, especialmente quando abordamos temas que podem ser apresentados de forma muito especializada, corremos o risco de fazer chegar de forma incompleta a mensagem que pretendemos transmitir aos nossos destinatários. E a mensagem desta boa nova é a do regresso de alguma confiança num quadro de reanimação da Economia.
Quando entramos no ano de 2013 com perspetivas pouco animadoras, não podemos desperdiçar o mais pequeno sinal que contrarie esse fatalismo demasiado generalizado. Ora este sinal que os bancos que trabalham em Portugal estão a dar desde Setembro não só não é pequeno como é fundamental para acreditarmos na reanimação e na retoma da Economia. Para acreditarmos em nós, para voltarmos a ter confiança.
Tão grave como a falta de liquidez necessária à concretização dos investimentos que a Economia requer, para gerar emprego e para gerar riqueza, é a falta de confiança. Sem confiança não há moeda, por mais forte que seja, capaz superar a crise. É neste ponto que reside a importância desta reanimação anunciada.
Luís Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portugues
luislima@apemip.pt
Publicado no dia 07 de janeiro de 2013