Se os grandes jornais desprezassem os pequenos anúncios, os poupados espaços onde se faz o rol do precisa-se, do oferece-se, do compra-se e do vende-se, acarinhando apenas a publicidade que precisa de páginas inteiras, a cores, a chamada publicidade de prestígio, muitos desses jornais teriam deixado de ser grandes e outros já nem existiriam.

O que parece ainda ser válido para a sobrevivência da Imprensa escrita é, seguramente válido para os destinos turísticos que em certas épocas têm de sobreviver com o turista mais poupado, aquele que também olha para a coluna da direita dos cardápios dos restaurantes e na hora de pagar confere, um a um, todos os registos da consulta de mesa.

A qualidade do cliente não se avalia pelo preço do produto que procura, nem muito menos é directamente proporcional ao valor dessa mesma procura. Mesmo nos cenários promocionais em que a oferta promete um valioso prémio ao cliente que, em determinado período, maior volume de compras encomendou e concretizou, após óbvia boa cobrança.

Bom cliente – dos melhores – é o que assegura a nossa própria actividade e a sobrevivência do nosso negócio, mesmo trocando a lagosta pela sardinha ou pedindo vinho da casa em vez de um vinho de marca, daqueles cujos rótulos das garrafas podem fazer a inveja da mesa do lado, quando e se a garrafa estiver visível sobre a mesa, o que felizmente nem sempre acontece.

O Algarve, a viver mais da procura dos portugueses do que dos estrangeiros de elevado poder de compra, está a aprender, nesta matéria, novos hábitos e a reatar a amizade dos velhos clientes nacionais.

Publicado dia 14 de Agosto de 2010 no Expresso

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