A existência de um movimento associativo empresarial forte, nomeadamente na área da mediação imobiliária, é fundamental para a Economia, para o sector da Construção e do Imobiliário e, o que é mais importante, para o próprio público consumidor, razão final do mercado.
Esta foi uma das minhas mensagens no discurso de tomada de posse como presidente reeleito da Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), à frente de uma lista de continuidade com a anterior, apesar de significativamente renovada.
A cerimónia, mais virada para o interior do que para o exterior, num acto quase em família, assumiu-se também pela contenção, como um sinal da sobriedade e da unidade que a defesa dos interesses do sector e da Economia exige, neste contexto difícil que vivemos e que temos de enfrentar.
Este encontro foi também um pretexto para lançar na agenda do sector algumas reflexões e preocupações que a própria vida associativa empresarial levanta, nomeadamente em tempos de aperto, como os que se vivem quando é mais fácil acomodarmo-nos no nosso canto à espera que a crise passe.
Lembrei, na ocasião, que os dois anos do meu primeiro mandato como presidente da APEMIP, coincidiram com anos muito duros para o sector, em plena crise internacional do subprime, com as conhecidas consequências para muitas empresas do sector, da promoção à mediação imobiliária.
E disse ainda, na linha de uma mensagem que tinha endereçado a todos os meus antecessores no lugar, que é justo sublinhar que a dedicação nestas funções, às vezes quase em exclusivo, pode ser incompatível com os interesses dos próprios dirigentes que também são empresários.
Isto, apesar de ser hoje já claro que um movimento associativo empresarial forte, como refiro no início, é indispensável para que o sector retome o seu papel na locomotiva do desenvolvimento económico, sem ceder nas preocupações inerentes a um desenvolvimento realmente sustentado.
O caminho que a mediação imobiliária já trilhou em Portugal é uma tábua cronológica que marca momentos de condições políticas, económicas e sociais muito diversas, desde os tempos – felizmente longínquos – em que a nossa profissão, quase não reconhecida, era apenas tolerada.
O reconhecimento da importância da nossa actividade – que acrescenta valor às transacções imobiliárias e que consegue fazer a síntese dos interesses que se cruzam no mercado num equilíbrio entre a procura e a oferta –, o reconhecimento do nosso papel deve ser relevado com Justiça.
Pela nossa acção também está a passar a aposta nacional na reabilitação urbana ou o alargamento do nosso mercado, nomeadamente no Mundo lusófono, tendo em vista a internacionalização do nosso imobiliário e a desejável captação, por esta via, de investimento estrangeiro.
Disse tudo isto, na cerimónia da tomada de posse que venho citando, com orgulho mas também com a esperança de que este nosso trabalho, não menos patriótico do que outros que assim se designam, seja consagrado no reconhecimento que tarda da verdadeira dimensão da mediação imobiliária.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 12 de Janeiro de 2011 no Público Imobiliário