Se há mercado português que é reconhecido internacionalmente é o mercado imobiliário. Sabemo-lo quanto mais não seja por vermos a procura que este mercado merece por parte de investidores estrangeiros. Este fenómeno é tal que a própria procura interna ressuscitou um pouco  pelo contágio da procura externa.

Em Janeiro de 2011 – em plena crise do subprime – a Federação Internacional do Imobiliário (FIABCI) e a Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa organizaram em Lisboa, com o apoio da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) um debate sobre a sustentabilidade dos mercados imobiliários.

À data, os especialistas estrangeiros que estiveram em Lisboa foram unânimes em considerar que o imobiliário português apresentava-se, interna e externamente, com uma imagem muito positiva, de transparência a confiança. A imagem de um mercado imobiliário português que resistia aos efeitos da crise internacional do subprime começava a ganhar força.

O escrutínio do mercado português foi feito, à data, com base num documento, elaborado pelo Internacional Real Estate Advisory Network, sob os auspícios das Nações Unidas, para elencar  princípios e orientações considerados importantes para fazer com que o imobiliário voltasse a ser um dos meios de recuperação e fortalecimento das economias.

Quatro anos e meio mais tarde, aquele reconhecimento internacional do imobiliário português afirma-se e consolida-se. E afirma-se num quadro de desenvolvimento  sustentável, para satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras, de que a aposta, finalmente a iniciar a tão desejada velocidade de cruzeiro, da Reabilitação Urbana é a grande estrela.

Modéstia à parte, posso recuperar muitas das minhas reflexões sobre esta matéria confirmando o que já então dizia, ou seja, que o mercado imobiliário português podia e devia assumir-se, sem qualquer sombra de pecado, como vector importante na recuperação da nossa Economia, tendo ainda espaço de crescimento, na promoção de  melhorias no parque habitacional e, até, na consolidação das economias verdes.

Desde cedo que se reconheceu que o abalo de Setembro de 2008, com epicentro localizado no banco Lehman Brothers, primeira grande pedra da crise financeira que se seguiu também entroncou na falta de regulamentação dos mercados financeiro e imobiliário, laxismo que facilitou a  formação de bolhas e o aparecimento de produtos  financeiros de duvidosa sustentabilidade. 

O imobiliário português estava, então, resguardado, mas o contágio de outros mercados acabou por acontecer e esta realidade demorou a impor-se quer interna quer externamente, embora o reconhecimento internacional da qualidade da nossa oferta imobiliária, hoje mais do que evidente,existisse já há quatro anos e meio. Quando muitos apostavam na desvalorização artificial dos nossos activos.

Não é por acaso que o crédito para a habitação volta a ser negócio para a banca, não é por acaso que as avaliações bancárias de imóveis voltam a subir, não é por acaso que os spreads dos bancos tendem a baixar neste segmento. É a confirmação de um sector que afinal, entre nós, não era nem é tão mau como, alguns, ainda o pintam.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 29 de Junho de 2015 no Jornal i

Translate »