A vontade de investir no estrangeiro ganha sempre mais força entre aqueles que, tendo liquidez, vivem em países que passam por processos de instabilidade muito profundos – o mal de uns é sempre o bem de outros. Isto é visível no Brasil, onde a instabilidade é evidente mesmo aos olhos de quem está longe, e traduz-se num aumento da procura de investimentos no exterior.

Para os brasileiros que ocupam um lugar na pirâmide social que lhes permite investir no estrangeiro, esta opção é importante para, entre outros objectivos, poderem ter maior facilidade de enviar os filhos estudar na Europa. E a possibilidade de terem um passaporte europeu, na sequência da obtenção de um visto Gold, sublinha ainda mais aquela tendência.

Felizmente que os processos de obtenção de vistos gold em Portugal estão a voltar à normalidade  com demoras burocráticas já aceitáveis, na ordem dos três meses, mesmo que ainda longe dos 15 dias que inicialmente constituíam a média da concessão das Autorizações de Residência para Investimento, vulgo vistos Gold.

Claro que a segurança e a fiabilidade do mercado de destino também conta muito. Investir com garantias é fundamental. As palavras internacionalização e globalização ganham todos os dias maior significado e no caso dos cidadãos brasileiros. Portugal, pela língua comum e por ser uma porta da Europa, é uma das primeira opções para os brasileiros.

Acresce que Lisboa, uma das mais recentes cidades que está na moda para acolher novas empresas, é uma das escolhas mais naturais como porta de entrada para os empresários brasileiros que sonham chegar a outros mercados, nomeadamente ao mercado da União Europeia com os seus mais de 500 milhões de habitantes.

O imobiliário português, pelas suas características e pela relação preço qualidade que apresenta, é o sector de mais fácil acesso, numa primeira fase, para iniciar investimentos e para internacionalizar empresas médias brasileiras que até agora não pensavam no mercado externo mas que começam a pensar mais seriamente.

Muitos investidores brasileiros, de um país que está entre os países que mais investem em Portugal, tendo já sido o país que mais investiu entre nós no ano de 2014, muitos empresários brasileiros também procuram opções transparentes para a aplicação dos respectivos capitais o que podem encontrar em Portugal.

E a importância deste relacionamento afere-se também pela dimensão do Brasil em comparação com Portugal. Os duzentos milhões de brasileiros são vinte vezes mais do que os dez milhões de portugueses. E no universo dos duzentos milhões uma pequena percentagem que seja é sempre um número muito significativo para um universo de dez milhões.

Isto sem esquecer que – ao contrário do que agoiraram certas vozes – a atração de Portugal como bom destino para investimentos, nomeadamente no imobiliário, continua a confirmar-se pelos números, num sustentável regresso aos valores que num passado bem recente foram a ignição do arranque da recuperação do próprio sector.

Metaforicamente falando, Portugal ainda é um cesto seguro para distribuir alguns ovos de quem, prudentemente, não quer guardá-los todos no mesmo cesto.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 16 de Abril de 2016 no Sol

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