Segundo projeções elaboradas por um Gabinete de Estudos de um grupo holandês com interesses financeiros diversificados (o grupo ING), num eventual colapso do Euro ou na eventual saída da Grécia deste grupo, a desvalorização dos preços do imobiliário em Portugal situar-se-ia entre os 3,5 e os 9%, valor muito inferior ao que se verificaria com a própria moeda.

O mercado imobiliário em Portugal, onde não se registou, nos últimos anos, qualquer bolha imobiliária, funcionaria assim como uma verdadeiro refúgio para investidores, embora o estudo que estamos a citar também refira que apesar de os custos de manter a moeda única estarem a subir de forma considerável, acabar com esta moeda forte ficaria muitíssimo mais caro.

Dando de barato a capacidade dos Estados da Zona Euro de cunhar moedas próprias em tempo recorde e em quantidades suficientes para substituir os euros atuais, o que seguramente não aconteceria em todos os Estados, a implosão do euro iria provocar na generalidade das moedas que lhe sucedessem uma desvalorização do dinheiro dificilmente inferior a 40%. É fácil perceber como o imobiliário pode ser um refúgio em países, como Portugal, que tinham já erradicados os vírus das velhas bolhas imobiliárias.

O cenário desenhado, embora real, é o que menos parece fadado a impor-se, o que não invalida que, mesmo na Zona Euro, o imobiliário português se assuma como capaz de atrair investidores e poupanças. Assim o entenda quem possa criar condições para que essa possibilidade se torne real.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 04 de Janeiro de 2012 no Diário Económico

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