O regresso de um mercado de arrendamento urbano digno deste nome e capaz de se assumir como solução habitacional para quem não consegue crédito para adquirir casa própria, ou para quem, por outras razões, opta por arrendar uma casa, está a esbarrar na resistência, pouco comercial, em fazer baixar as rendas para valores competitivos face aos de uma prestação bancária de um crédito habitacional.

A diminuição do valor das rendas (referidas a arrendamentos novos e não à questão da liberalização relativa das rendas antigas a exigir cuidados sociais a prestar pelo Estado aos inquilinos mais vulneráveis), a diminuição daquele valor, à luz do próprio mercado, tem de diminuir, no segmento médio e médio baixo, em percentagens da ordem dos 30 a 40 %. Sob pena de não haver mercado.

A fatia do mercado de arrendamento onde estas questões devem ser equacionadas com realismo é a fatia das casas com rendas entre os 500 e os 300 euros, rendas que, de uma maneira geral, só encontrarão uma procura que não entre em incumprimento, se baixarem entre 30 e 40%. Quebras na ordem dos 3 % não são, neste segmento, significativas, apesar de algumas análises nesse sentido, baixar de 500 para 485 euros não altera a procura.

O crescimento da procura de habitação no mercado de arrendamento, numa tendência contrária à dominante no tempo em que quase só funcionava o mercado de compra e venda, ocorre neste segmento da classe média e média baixa. A matriz comercial deste mercado está aqui e não no mercado do arrendamento de habitações de luxo, com outras lógicas e outros preços, São as rendas médias que estão altas e a travar o regresso do mercado de arrendamento urbano.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 18 de fevereiro de 2013 no Jornal i

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