Acabo de regressar de mais uma Missão ao Brasil, mais precisamente a São Paulo, onde estive no âmbito de uma ação de promoção e divulgação do Projeto Houses of Portugal: Value & Style, que escolheu o Brasil como um dos mercados estratégicos para divulgar as qualidades do mercado imobiliário português.

A rota Brasil-Portugal no sector imobiliário não é uma novidade e está aberta há já algum tempo, mas não há dúvida de que nunca como hoje os brasileiros procuraram tanto o mercado imobiliário português.

Motivados pela insegurança e pela instabilidade política e económica que se vive em terras de Vera Cruz, olham para Portugal como uma boa alternativa para viver mas também para investir. Procuram sobretudo a segurança, clima, gastronomia, serviços de saúde e educação que Portugal ainda tem para oferecer, e têm também uma visão mais abrangente sobre todo o nosso País estando de olhos postos nas oportunidades de investimento que se verificam fora das grandes cidades como Lisboa e Porto. Ambicionam recuperar a qualidade de vida que há muito perderam no seu País de origem e ponderam descentralizar o seu investimento por todo o País, alguns influenciados pelos laços familiares, outros pelas oportunidades que surgem.

O perfil destes cidadãos que hoje aterram de malas e bagagens em Portugal é muito diferente do perfil do brasileiro que vinha nos anos 2000, por exemplo. Hoje, o cidadão brasileiro que procura Portugal, tem formação ou quer apostar nela numa universidade portuguesa, é de uma classe social mais elevada (muitas vezes altos quadros do País de origem), e está também motivado com a eventual criação do seu próprio negócio. É um tipo de cidadão que promove a criação de riqueza e de que precisamos no País, não só pelos problemas demográficos que Portugal apresenta, mas também pela geração de emprego que poderá estender-se a diversas regiões, quem sabe até dinamizar o interior de Portugal.

Os brasileiros ocupam hoje a quarta posição no que diz respeito ao investimento direto luso, e os nossos agentes diplomáticos têm feito um trabalho de excelência no que diz respeito à promoção da marca “Portugal” no Brasil. Não posso aliás deixar de ressalvar o papel que o Cônsul Geral de Portugal em São Paulo que esteve em exercício nos últimos anos e que agora cessou funções, Dr. Paulo Lourenço, teve neste aspeto. A sua ação e dinâmica são um verdadeiro exemplo de profissionalismo e dedicação, que são tão necessários e muitas vezes esquecidos por quem exerce este tipo de funções.

Paulo Lourenço soube bem estreitar os laços de diplomacia económica entre os dois Países, tendo sempre apoiado as ações sectoriais desenvolvidas por empresas portuguesas, nomeadamente no sector imobiliário que sempre se disponibilizou para ajudar a promover no Brasil.

O investimento que hoje recebemos é fruto deste trabalho de casa. E é um investimento do qual precisamos verdadeiramente, não pensemos que todo o trabalho já foi feito. Importa que continuemos a saber receber bem quem nos procura, e que afastemos ideologias racistas e xenófobas sobre quem procura Portugal. Não nos devemos esquecer que quem vem à nossa procura, quer sobretudo ter uma vida melhor.

Não nos vem roubar nada que seja nosso, muito pelo contrário, vem ajudar-nos a criar ainda mais riqueza. Tal como os nossos jovens estão a fazer nas cidades para onde emigraram na crise que se viveu em Portugal.

Somos Países irmãos. Que saibamos sempre receber quem vem por bem, de braços abertos.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

 

 

Publicado no dia 05 de setembro no Jornal Público

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