Com as dificuldades que os cidadãos estrangeiros, de língua materna diferente da nossa, podem sentir quando confrontados com o Português, a sigla SCUT, aplicada às estradas que não tinham, mas já têm, custos para os utilizadores, pode ser confundida com a sigla SCUD, nome dado a alguns mísseis balísticos de curto alcance.

Curto alcance, vistas curtas e outros eufemismos é o que se aplica, com propriedade, à decisão de fazer com que os estrangeiros que nos visitem utilizando automóvel, paguem, da forma excessiva e burocrática, como terão de o fazer,  as SCUT´s que eventualmente venham a utilizar.

Trazer estrangeiros a esta ponta ocidental da Europa, a esta periferia do Velho Continente, que alguns europeus julgam já em África ou noutras paragens de um Mundo de geografia estranha,  já era tarefa difícil sem aquelas portagens, quanto mais com portagens de pagamento verdadeiramente kafkiano.

Que alguns de nós tenham de suportar esses novos pagamentos, inicialmente imprevistos como o próprio nome das estradas (Sem Custos para o utilizador)  indicava, entende-se. Mal, mas entende-se. Mas os estrangeiros, senhores? O que se arrecada com estas intolerantes taxas não compensa o que se perde em desistências de visitas a Portugal.

Sem uma atenção a esta realidade, as SCUT’s transformar-se-ão em verdadeiros SCUD’s ou mísseis balísticos de curto alcance e de grande efeito devastador apontados ao nosso turismo. A troco de meia dúzia de euros a recolher, de forma bizarra, com pagamentos prévios e altamente burocráticos, junto dos estrangeiros que sejam apanhados em tais caminhos.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 10 de Novembro de 2010 no Diário Económico

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