As filas nas lojas da Via Verde continuam intermináveis. Desta feita, não foi só essa característica bem portuguesa de deixar tudo para os últimos dias, especialmente quando toca a pagar. Desta feita, foi a esperança de que as SCUT continuassem a ser SCUT, isto é, sem custos para o utilizador, que é o que significa aquela sigla que passou de bestial a besta.

Como alguns temiam e outros desejavam, por necessidade, as SCUT não honraram o nome com que o Engenheiro António Guterres as baptizou, em 1997, e Portugal começou a registar um surto inesperado de filas, seja nas lojas da Via Verde, seja nas estradas alternativas, algumas delas bem pouco alternativas, desde logo pelo ausência de sinalização adequada para que os condutores consigam encontrá-las com facilidade.

Que isto se passe com os utilizadores nacionais, ainda se compreende. Mas com os estrangeiros que nos visitam, seja a transportar mercadorias, seja em viagem de turismo, as filas intermináveis por que têm de passar, nas teias burocráticas do pagamento electrónico das SCUTs, saem mais caras pela imagem negativa que geram, do que o montante que possamos arrecadar desses utilizadores estrangeiros.

Obrigar os condutores estrangeiros a submeterem-se a uma via sacra burocrática para circularem em algumas das nossas estradas é, para muitos deles, incompreensível, sendo certo que a receita obtida neste “castigo” é irrisória, ao contrário da má imagem que esta solução transmite. Há SCUTs que são verdadeiros muros fronteiriços.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 30 de Outubro de 2010 no Expresso

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