Se as árvores crescessem até ao céu, uma redução do investimento estrangeiro no imobiliário português, que em Março terá sido de 45 milhões de euros contra os 55 milhões contabilizados em Fevereiro, seria preocupante, mas as árvores não crescem até ao céu.

Às vezes insistimos em relações de causa/efeito que na verdade não existem ou, pelo menos, não são tão lineares ou tão a preto e branco como julgamos que parecem ser, na exata medida em que os vectores que influenciam decisões desta natureza são tão insondáveis como alguns desígnios mais conhecidos.

Na verdade, a capacidade do imobiliário português para captar investimento estrangeiro continua a ser uma realidade indesmentível, independentemente das expectativas, maiores ou menores, que as novas alterações legislativas ao programa dos vistos gold possam ter gerado nos potenciais investidores.

Também poderíamos admitir, como justificação para os números que não subiram, que talvez tenhamos descurado a nossa própria promoção esquecendo, por exemplo, que devemos e podemos alargar o público alvo ao chamado patamar da classe média alta que também tem poder de compra para adquirir segunda habitação…

Ainda há quem desconheça como somos um povo acolhedor e poliglota que vive numa das entradas do espaço Schengen, num país pequeno que a Sul recebe 3300 horas de Sol / ano e a Norte 1600, números que são quase um milagre de Sol noutras latitudes. E somos nós quem deve assegurar esse conhecimento.

Continuamos a estar na linha da frente dos países que acolhem em segurança os estrangeiros que nos visitam ou que aqui pensam residir.  Portugal continua a ser um dos melhores países para comprar casa, até pela facilidade em obter autorização de residência. Isto torna-nos mais atrativos do que muitos outros, desde que isso seja conhecido.

Sem nunca esquecermos – é sempre bom sublinhar – que esta nossa oferta não se reduz à venda de autorizações de residência, a melhor ou pior preço, sendo uma oferta de segundas residências, de qualidade e de relação preço / qualidade altamente competitiva, num país reconhecido como atractivo para viver, passar férias ou investir.

Em Portugal, onde a modernidade convive com a tradição, o único país europeu a ficar de fora do rol de países que o Governo dos EUA elaborou, no rescaldo do 11 de Setembro, como sendo territórios passíveis de acolher manifestações hostis contra cidadãos norte-americanos, em Portugal o imobiliário continua a ser uma boa aposta 

A nossa oferta imobiliária é um mercado que escapou conscientemente ao fenómeno da bolha imobiliária e que tem registado uma ligeira valorização, a superar a inflação, mas no que respeita à promoção do nosso país e das nossas cidades temos o mau hábito de aproveitar pouco a nossa boa imagem.

Sabemos que as árvores não crescem até ao céu e até que nem sempre será mensurável o valor do crescimento, mas sabemos também que o crescimento que procuramos precisa, para se concretizar, de ações nossas no sentido de favorecer esse mesmo crescimento.

Se as árvores crescessem até ao céu…

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 13 de Abril de 2015 no Jornal i

Translate »