Já uma vez reflecti sobre a evidência de não se poder construir até ao infinito e de ser necessário dar mais atenção à reconstrução, com inovações sustentadas, do que ao novo, caminho que não é, nem pode ser, o do fim de um sector às vezes visto como o bode expiatório de erros acumulados principalmente por terceiros.

As boas gruas não morrem nem vão para o céu, escrevi na altura, acrescentando que as gruas deviam ir sempre para onde são necessárias e que muitas delas continuam a ser necessárias aqui e agora quando se fala em recuperação económica e quando é cada vez mais claro que essa recuperação também continua a passar por este sector.

Algumas das gruas que ajudaram à reconstrução de cidades devastadas durante a II Guerra seguiram depois mais para Norte, onde contribuíram para um crescimento e um desenvolvimento sustentado dos países da Europa do Norte, regressando a Sul quando começavam a nascer urbanismos para turismo de massas.

Esta movimentação de ferramentas tão caras, que só se justificam se puderem ser utilizadas com regularidade, é também um índice de leitura do sector e da própria viabilidade de algumas empresas, de menor dimensão, cuja sobrevivência pode estar comprometida em momentos de retração como o que vivemos.

Estas últimas empresas, que também empregam gente e que também fazem parte do tecido empresarial português, vivem momentos de grande aperto e precisam de encontrar soluções adequadas a uma estratégia de sobrevivência exequível que evite o destino do encerramento e das insolvências que têm pairado sobre o sector.

Esta preocupação não pode ser exclusiva das próprias empresas que estão a viver este mau momento. Deve merecer a atenção de todos nós, nomeadamente de quem nos governa e até da banca que é o principal credor do sector da construção e do imobiliário e, como tal, também parte muito interessada na viabilidade dessas empresas.

Se a internacionalização pode ser uma saída para grandes empresas do sector, para muitas das outras, de menor dimensão, a saída, há muito identificada, passa pela Reabilitação Urbana, nas principais cidades, um mercado que tem ainda muito para crescer desde que seja realmente apoiado, não artificialmente mas como uma obrigação para com as gerações vindouras e como solução para muito trabalhador do presente.

O sector da Construção e do Imobiliário merece continuar em observação nos cuidados intensivos.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luislima@apemip.pt

Publicado dia 19 de janeiro de 2013 no Jornal de Notícias

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