Haverá alguém a acreditar que o valor dos imóveis seja o valor da avaliação que deles os bancos fazem? Neste momento, a avaliação bancária dos bens imóveis é inferior ao valor real desses bens, ao contrário do que aconteceu num passado não muito distante, quando as avaliações eram superiores ao valor real, então a possibilitar empréstimos de 120% para pagar, não só a casa, como também mobília e carro novos.

Da ofensiva comercial do passado, em que a banca procurava clientes interessados em crédito sem grandes preocupações com taxas de esforço, passou-se a um estado permanente de defesa comercial, numa estratégia de protecção contra os riscos do crédito mal parado. Avaliar em baixa, faz com que seja possível emprestar menos com maior garantia. É elementar, mesmo que isto seja pouco simpático para quem tem a ingrata tarefa de avaliar por conta dos bancos.

A incomodidade que isto gerará nos profissionais da avaliação e nos próprios profissionais da banca, também contribui para que este tema seja um dos que menos gosto de abordar, mas não posso evitá-lo quando, amiúde, leio em muito órgão de comunicação social de referência, que o valor das casas está a baixar quando, na verdade, apenas está a baixar o tecto máximo para a avaliação que os bancos fazem dos bens imóveis cuja aquisição estão dispostos a financiar. Não é bem a mesma coisa, sejamos rigorosos.

Já agora, sejamos também rigorosos a avaliar ou, no mínimo, a saber ler a verdadeira dimensão de certas avaliações. E, embarcar na ideia de que a avaliação bancária dos bens imóveis é o metro padrão para o valor das casas, é um erro grosseiro que terá o efeito perverso de fazer com que o património imobiliário de muitos portugueses esteja a ser pressionado, no sentido de uma desvalorização gratuita.

Não sei a quem é que isto poderá interessar. Não interessa seguramente aos muitos portugueses que são proprietários de casas, incluindo aos que nelas vivem e não estão sequer a pensar mudar-se, nem interessa à própria economia do país, cuja urgente reanimação continua a passar pelo mercado imobiliário, seja do novo seja do reabilitado.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 21 de Janeiro de 2011 no Diário de Notícias

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