Num cenário de dificuldade de acesso ao financiamento, com muitas empresas no fio da navalha em questões de liquidez, insistir na manutenção de prazos longos, para muitas garantias bancárias a prestar pelas empresas, é um erro que pode sair caro a toda a Economia e que apenas ajuda a fingir que vivemos um tempo de grande prosperidade.

Estas exigências atingem, em especial, as empresas de construção e das obras públicas que, no seu todo, garantem actualmente mais de 1600 milhões de euros em cauções que chegam a ultrapassar uma década, com todo o peso financeiro de tais operações e com todas as consequências para a tesouraria das empresas sem grandes contrapartidas para o público.

O que se advoga, com toda a responsabilidade, é que tais cauções possam ter prazos mais curtos, como aliás acontece, desde 2009, na Região Autónoma dos Açores, o que não prejudica as garantias devidas aos clientes que saem, no seu todo, muito mais prejudicados quando qualquer empresa fecha e desaparece do mercado, num quadro de dificuldades acumuladas.

Adequar à presente realidade as exigências em matéria de cauções e garantias que as empresas de Construção Civil e Obras Públicas estão obrigadas a prestar, é um imperativo tão evidente que até pasma (ou talvez não) como ainda não foi sugerido por algum dos especialistas estrangeiros que acompanham a nossa Economia e as nossas contas.

Em consonância com as dificuldades que a banca revela na matéria do crédito necessário ao financiamento da Economia, num momento em que importa falar verdade e não fingir que estamos muito ricos e a viver desafogadamente.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.Lima@apemip.pt

Publicado no dia 26 de Novembro de 2011 no Expresso

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