O verde também é o símbolo da esperança pelo facto dos desafios que, hoje começam a colocar-se com carácter de urgência, implicarem a criação de milhares e milhares de empregos em áreas como as do Ambiente, da Ecologia ou das novas tecnologias. A mão-de-obra necessária para despoluir os cursos de água do planeta é, por si só, significativa para qualquer sistema económico.
As evidentes alterações climatéricas de consequências imprevisíveis, alterações que, ultimamente, são todos os dias visíveis, até aos olhos dos mais leigos, mostram que esta problemática deixou de ser um tema de luxo de algumas agendas para se afirmar como um problema que tem de merecer maior atenção e de forma permanente.
As lições da recente Cimeira de Copenhaga apontam, claramente, para a necessidade da emergência de um acordo sobre estas matérias a sair do próximo conclave, a realizar já em Dezembro, em Cancun. Como diz, numa síntese clara, o presidente da Comissão Europeia, Dr. Durão Barroso, para este campo não há plano B pois, na verdade, também não há um Planeta B.
Tudo isto porque, na verdade, nem sempre soubemos respeitar a fronteira entre o construído e a Natureza, uma Natureza que muitas vezes desrespeitamos, acreditando na impossível capacidade de regeneração total do nosso planeta, em muitos aspectos ferido de morte sem qualquer beneficio de dúvida.
Quando me repito, vezes sem conta, e, sublinho que o sector imobiliário está a viver um momento de transição do ciclo da quantidade para o ciclo da qualidade, quero também realçar a urgência na adopção de novos paradigmas para esta fileira da Construção e do Imobiliário, novos paradigmas que têm de considerar que a nossa sobrevivência depende da nossa capacidade em seguir modelos de desenvolvimento sustentável.
O discurso verde, de matriz ecológica, não pode, em circunstância alguma, ser, como já foi, apenas um adorno para a linguagem politicamente correcta, algo que temos de dizer para angariar mais simpatia e mais votos ou simplesmente para apaziguar a nossa própria má consciência, mais despertada nesta ressaca dos dias em que uma nuvem de cinzas entupiu os céus da Europa, fragilizando-nos.
O verde é, também na fileira da Construção e do Imobiliário, uma saída e uma solução, preferencialmente de médio e longo prazo, para os nossos desafios imediatos, desafios que se multiplicam exponencialmente, e, parecem querer transformar tudo em periferias de betão e tudo num imenso cemitério de automóveis onde permanentemente, como num cenário de um filme B, ardem borrachas de pneus velhos.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 30 de Abril de 2010 no Sol