Na semana passada fiquei surpreendido com a confessada surpresa do Senhor Presidente da República, que é, como se sabe, professor de Economia, relativamente à percentagem a que chegou o desemprego em Portugal, actualmente na casa dos 14 por cento. 

O Senhor Presidente, um político experiente que foi Primeiro-Ministro de Portugal durante dez anos e é Presidente da República há seis, não contava que o desemprego batesse o recorde em 2011 com a já referida taxa de 14 por cento e uma taxa entre os jovens superior a 35 pontos percentuais.

Compreendendo que o Professor Cavaco Silva queira transmitir uma mensagem que contenha alguma dose de esperança, cito ainda outra declaração do Presidente da  República, esta a manifestar esperança que as piores projecções de recessão não se concretizem, pois tal traduzir-se-á em mais desemprego.

Olhando para o sector do Imobiliário e da Construção, temo que as perspectivas projectadas por alguma inércia e algumas hesitações nestas áreas façam disparar os números do desemprego, não para os já surpreendentes 14 por cento, mas para valores ainda maiores, muito próximos ou acima dos 20 por cento.

Num país como o nosso, com as conhecidas fragilidades em matéria de segurança social, agravadas pela necessidade de fazer descer rapidamente o défice das contas públicas, um tal nível de desemprego, mais do que surpreendente, poderá ser verdadeiramente trágico e merece que tentemos tudo para o evitar

Sob pena de termos de dar razão a um outro professor de Economia que diz que, Portugal, pelo nível de desemprego, “é um pais que sofre de excesso de portugueses”. 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 03 de março de 2012 no Expresso

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