Venderam-se e compraram-se sempre casas nas melhores localizações de todas as cidades, naqueles códigos postais que apetece mostrar com números garrafais, qual 90210, um dos códigos de Beverly Hills, número que também batizou uma série televisiva de culto a retratar a vida de alguns adolescentes desta zona da elite artística da cidade dos anjos e de Hollywood.

Nas nossas Beverly Hills sempre houve casas à venda. Discretamente, como convinha, para que o conhecimento público dessa intenção não pudesse ser mal interpretado por terceiros que vissem numa tal oferta um sinal de fraqueza de quem a promovia, perigo que, além do mais, poderia causar a desvalorização artificial do preço do imóvel.

Este tipo de ofertas entrava, invariavelmente, num circuito comercial quase oculto que selecionava a potencial procura com mecanismos criados para dificultar o conhecimento da existência de tais ofertas. Nessas localizações havia casas cujos proprietários jamais as imaginaram ostentando uma placa retangular com um vende-se, um número de telefone e o nome de uma imobiliária.

Hoje, nesses territórios, que continuam a ser localizações muito apetecíveis, as placas “vende-se” nascem como cogumelos como sinais exteriores da crise em curso e sem os cuidados de outrora, no que respeita a evitar que se instale a ideia de que tais ofertas correspondem a necessidades urgentes de venda o que, naturalmente, as torna potenciais reféns da escassa procura existente.

A discrição tinha, como continua a ter, vantagens. Uma floresta de placas que se eternizam nas fachadas de imóveis bons e bem localizados só ajuda a desfazer mercado.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 11 de maio de 2013 no Expresso

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