O primeiro sinal já foi dado e partiu do Banco Central da Austrália (Reserve Bank of Australia), que subiu, quase inesperadamente, as taxas de juro de referência, fixadas no nível mais baixo dos últimos 49 anos. Glenn Stevens, governador do Banco Central da Austrália, subiu as taxas de 3 para 3,25%  admitindo novos aumentos nos próximos meses, “à medida que a economia mostra sinais de fortalecimento”.

Na sequência desta decisão, que poucos previram, a moeda australiana valorizou-se, marcando assim este marco para os países do G20 – a Austrália foi o primeiro destas 20 economias locomotivas a inverter as medidas de emergência que a crise financeira mundial determinou. Nunca um encarecimento (no caso do dinheiro) foi tão saudado e aplaudido

Na base desta decisão terá estado o aumento da oferta de emprego, o aumento das vendas a retalho e dos preços das casas, tendência acompanhada pela subida da confiança dos consumidores e dos empresários, o que, nas explicações de Glenn Stevens, configura um cenário onde desaparece «a base para determinar um ambiente de taxas de juro tão baixo ».

O anúncio da subida das taxas de juro na Austrália, que poderá ter réplicas no mesmo sentido para breve, parece querer indicar que a contracção económica é uma ideia do passado e que os estímulos fornecidos pela política monetária podem começar a ser retirados, como quem retira um remédio forte a um doente que, feliz e finalmente, está a recuperar.

Os especialistas dizem que estes sinais exteriores de recuperação, surgidos na Ásia, alastrarão, mais tarde, às Américas e à Europa, o que continua a ser uma boa notícia. Ninguém quer suportar uma doença crónica que o obrigue a estar sempre dependente de remédios fortes e caros. Nem as pessoas nem as economias.

Luis Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 19 de Outubro de 2009 no Diário Económico

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