Há hoje, na recuperação económica que começa a afirmar-se no país e que tem no sector imobiliário um dos seus mais importantes pilares, entre todos os sinais que comprovam esta realidade, alguns sinais que se dispensam, mesmo considerando que são típicos de momentos de crescimento como o que vivemos. 

Refiro-me ao aparecimento de uma série de supostos profissionais, ditos intermediários, que se apresentam como supostos verdadeiros especialistas na arte de descobrir quem quer vender e quem quer comprar património imobiliário e que estão a infiltrar-se no mercado imobiliário, acrescentando às transações um elevado custo sem qualquer contrapartida,

Isto – que só ocorre em momentos de crescimento e recuperação – é o indesejável regresso da mediação ilícita nas transações que envolvem bens imobiliários. Qualquer proprietário de um bem imobiliário, seja ele um particular seja ele uma pessoa colectiva, uma instituição, pode vender directamente a quem quiser e estiver interessado o respectivo sem qualquer mediação.

Mas se optar pela venda mediada dos respectivos bens imobiliários só o poderá, legal e eticamente fazer através das empresas de mediação imobiliária. Qualquer outra solução, mesmo que se apresenta sob uma designação muito atraente e inocente, é mediação ilícita e mediação que não acrescenta qualquer valor ou segurança ao mercado.

Na verdade tais práticas – que não são novas mas apenas adaptações modernas de velhos esquemas de angariação de dinheiro fácil, principalmente à custa de quem quer vender mas também, em alguns casos, à custa de quem quer comprar e até – pasme-se à custa das duas partes ao mesmo tempo – são sinais que se dispensam da recuperação em curso.

Quando o mercado imobiliário, num passado ainda não muito longínquo, estava quase parado com as empresas de mediação imobiliária a fazer das tripas coração para sobreviver e manter acesa a chama de um mercado que é fundamental para a vida das populações, tais intermediários   não apareciam nem se preocupavam em contribuir para coisa alguma.

Agora que há sinais de recuperação, já visíveis mesmo que não com a visibilidade dos tempos áureos do imobiliário, tal casta de iluminados e amigos do mercado volta a aparecer, talvez com outra roupagem, mais moderna, mas com o mesmo espírito daqueles amigos que estavam desaparecidos até saberem que o velho amigo tinha ganho a Lotaria ou o Euromilhões

A transparência no mercado imobiliário é fundamental. Foi aliás fundamental, num passado muito recente, quando a generalidade da banca, enquanto proprietária de significativas carteiras de bens imobiliários, e como tal livre de as vender directamente a qualquer interessado, optou por recorrer, em muitos casos, à mediação imobiliária para a recolocação desses activos.

Não podemos – como a vida nos ensina – pensar que a sociedade em que vivemos está livre de pessoas que espreitam toda e qualquer oportunidade sem respeitar os mínimos códigos de ética que deveriam presidir a toda a actividade humana, mas podemos tentar que essas pessoas tenham sucesso, principalmente quando sabemos que o sucesso delas é a má imagem da actividade onde elas consigam actuar.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 21 de Dezembro de 2015 no Jornal i

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