Ao contrário de Portugal, onde praticamente não houve bolha imobiliária, o mercado imobiliário espanhol sofreu uma das maiores bolhas imobiliárias verificadas no quadro da crise financeira desencadeada em 2008, gerando autênticas “cidades fantasmas”, em especial na costa mediterrânica. Mesmo assim, a Tinsa, uma das empresas de referência em Espanha na avaliação imobiliária, diz que os imóveis vazios em Espanha irão ser absorvidos num prazo de quatro anos, recomendando o recomeço moderado da construção para finais de 2015, princípios de 2016.
O stock em causa contempla os ativos imobiliários vagos, incluindo parte da carteira de imóveis da Sociedade de Ativos da Reestruturação Bancária (SAREB), sociedade criada para reunir esses ativos e para satisfazer o prazo fixada à banca para se desfazer dos imóveis detidos pela própria banca – 15 anos. Com base nestas e noutras variantes a Tinsa diz que os privados devem voltar a investir na construção imobiliária, a partir do final de 2015, para estarem prontas a dar resposta ao previsível aumento de procura de imóveis dos próximos anos.
Na base deste regresso do sector à locomotiva da Economia, em Espanha, onde a situação foi muito pior do que a de Portugal, na base deste regresso está a recuperação do produto interno bruto (PIB) e a diminuição do crescimento do desemprego, que aqui ao lado é bem mais forte do que o nosso. Em Portugal, mesmo nestes anos de crise, sempre houve procura e oferta – o que falhava era a confiança e a capacidade da procura encontrar o financiamento necessário.
Este financiamento terá de reaparecer, com os cuidados que qualquer financiamento deve exigir , normalidade que contribuirá para que não haja desvalorização do nosso património construído, em consequência da inexistência de uma bolha imobiliária entre nós, e para que os preços regressem aos valores de um mercado saudável. Registe-se, a propósito, que o mercado imobiliário residencial em Portugal já regista sinais de recuperação, com os preços a subir em dois trimestres consecutivos. O que deveria traduzir-se numa confiança ainda maior do que aquela que sustenta as boas notícias que se anunciam para Espanha.
O que falha, entre nós, não é o mercado imobiliário que continua a existir, com oferta e com procura e cujo stock de excedentes imobiliários não é mais difícil de absorver, numa Economia normal, do que o da Espanha, tendo nomeadamente em conta o que é importante sublinhar bem sublinhado, que não houve qualquer bolha imobiliária entre nós, nomeadamente nos últimos dez anos. O que falta entre nós para que o imobiliário reassuma a sua vocação de motor de crescimento e de desenvolvimento é precisamente a Economia.
Se em Espanha a meta do ano de 2015 é já apontado como o ano do início da recuperação do sector da construção e do imobiliária, entre nós, devíamos estar já em velocidade de cruzeiro, pela via da Reabilitação Urbana, do Turismo Residencial e das perspectivas que legitimaram o compromisso para a competitividade sustentável da construção e imobiliário, ainda não há muito tempo assinado com pompa e circunstância.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 07 de fevereiro de 2014 no Sol