A adoção de spreads muito elevados por parte da esmagadora maioria dos bancos, seja na concessão de novos empréstimos para a habitação seja até no agravamento das condições referentes a quem já possui esse crédito, é um enorme risco para a própria Economia.

Os spreads têm vindo a subir para valores incomportáveis. Há especialistas que desaconselham o recurso ao crédito quando sejam praticados spreads acima de 3%, o que, teoricamente, faz com que a situação que se vive, com spreads acima dos 6%, seja limitativa.

Olhar para esta questão como quem observa uma experiência no isolamento asséptico dos laboratórios e como quem julga poder considerar que a Lei da Oferta e da Procura funciona mesmo quando aplicada de forma cega, é um erro de avaliação grave.

Os Economistas que só sabem de Economia, correm o risco de nem de Economia saberem e, o que é pior, que a aplicação das respetivas receitas (no caso para garantir maior liquidez aos bancos) seja um verdadeiro veneno até para as instituições financeiras.

Estrangular, no momento presente, o segmento da compra e venda no setor da Construção e do Imobiliário, é um erro que pode ser fatal. Até a alternativa, ainda limitada, que o mercado de arrendamento urbano possa assumir neste contexto corre maior risco com situações deste tipo.

Ao inviabilizarem o mercado da compra e da venda de imóveis, as instituições financeiras podem gerar nova onda de colapso nas empresas de Construção, em especial naquelas que foram ajudadas pela banca a construir, quais mães solteiras de muitos imóveis.

O problema é que estas mães irão entregar os filhos a quem os ajudou a gerar, descontrolando de novo tudo. O alargamento ao crédito para a habitação das restrições à fixação arbitrária de spreads que já se aplica no crédito ao consumo parece uma inevitabilidade.

Isto para bem de todos. Para bem do país, que não pode ver a Economia a ser estrangulada, para bem da população cujas taxas de esforço financeiro estão, em quase todas as frentes, no limite, e até para bem das instituições financeiras.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 13 de Janeiro de 2012 no Diário de Notícias

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