As sulfamidas, medicamentos muito usados em meados do século passado, pela sua acção bactericida, foram perdendo importância no tratamento de seres humanos quando começaram a aparecer bactérias resistentes aos antibióticos e às próprias sulfamidas. Hoje, utilizam-se basicamente em tratamentos veterinários.

Quando eram um medicamento recorrente no tratamento de certas doenças que afectavam os seres humanos, a prescrição de sulfamidas estava também dependente da localização geográfica do doente. Em zonas do globo de elevada luminosidade, as sulfamidas podiam causar efeitos colaterais indesejados nos doentes.

Para a eficácia deste remédio não bastava identificar a doença que as sulfamidas supostamente seriam capazes de combater. Era também necessário saber sob que condições climatéricas vivia o doente de modo a evitar ministrar um remédio que, em certas circunstâncias, em vez de fazer surtir melhores aumentava o mal-estar.

Este desconhecimento, que pode ser fatal, não ocorre apenas na Medicina. Também alguns remédios para debelar crises económicas podem funcionar muito bem em certas zonas do globo e manifestar-se contraproducentes noutras. É o caso da obsessão que a Troika tem pelo agravamento dos impostos que incidem sobre o património imobiliário.

Ao contrário do que acontece na Europa do Norte, habitar em casa própria não é, em Portugal, sinal exterior de riqueza. Mais de 75% das famílias portuguesas estão nestas circunstâncias e na maioria dos casos sem ser por opção própria. Assim, insistir no aumento do IMI é impor mais austeridade a quem já atingiu todos os limites do esforço.

Luís Lima
Presidente da APEMIP
luislima@apemip.pt

Publicado dia 04 de Agosto de 2012 no Expresso

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