Uma das palavras mágicas deste tempo de incertezas é a palavra sustentabilidade. Todos procuramos um verdadeiro desenvolvimento sustentável, ou seja, o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras. Isto implica, como é sabido, que a ação governativa seja assumida, tendo em conta os diferentes sectores da sociedade, de forma transparente e eficiente, num quadro de equidade e utilizando os recursos sem desperdício, atraso ou corrupção. 

Esta concepção esteve, como ficou realçado, subjacente ao terceiro  Congresso de Inovação na Construção Sustentável (CINCOS´12), encontro organizado recentemente, na Universidade de Aveiro, pela Plataforma para a Construção Sustentável, uma associação de empresas, associações empresariais, entidades do sistema científico-tecnológico, municípios e outros agentes da fileira Habitat, empenhada na sustentabilidade do ambiente construído.

O sector imobiliário desde há muito que analisa as questões da sustentabilidade no próprio sector,  num debate que se tornou mais visível a partir de Dezembro de 2008, data da realização, na ONU, de uma mesa redonda sobre a atual crise financeira, crise em parte alimentada pela falta de regulamentação dos mercados financeiro e imobiliário e pela consequente formação de bolhas e aparecimento de produtos financeiros de duvidosa sustentabilidade.

Este debate chegou também a Portugal quando, em Janeiro de 2011, num encontro promovido em Lisboa pela Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (FIABCI) e pela Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), o mercado imobiliário português foi analisado à luz de um documento sobre a sustentabilidade do sector elaborado por um grupo de consultores para o sector da construção e do imobiliário que trabalha no âmbito da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE).

Recordo que, na principal conclusão deste debate de Lisboa ficou claro que o imobiliário português pode apresentar-se, interna e externamente, mesmo neste contexto de crise internacional, com uma imagem muito positiva, de transparência a confiança. Isto também ficou claro no debate sobre mercados que, há dias, animou o Congresso de Inovação na Construção Sustentável, debate que reuniu economistas como Augusto Mateus e José Felix Ribeiro, gente do sector como Reis Campos (CPCI), José Matos (Materiais de Construção) e eu próprio, além do jornalista Camilo Lourenço como moderador.

O mercado imobiliário português pode e deve realmente continuar a assumir-se, sem qualquer sombra de pecado, como vector importante na recuperação da nossa Economia, tendo ainda espaço de crescimento, na promoção de melhorias no parque habitacional e, claro, na consolidação das economias verdes.

Luís Lima 

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 01 de outubro de 2012 no Diário Económico

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