Quase tudo, na vida como nos negócios, resolve-se mais facilmente com bom senso. Esta receita é também aplicável aos mercados imobiliários. Não é preciso ter um curso superior especializado para perceber que insistir em disseminar a dúvida e o pessimismo sobre o mercado é um tiro no pé injustificável e de consequências imprevisíveis.

Nos últimos tempos, tenho-me desdobrado em desfazer as ideias preconcebidas dos que insistem em dizer que o mercado está pelas ruas da amargura, ignorando, por exemplo, o que o insuspeito Banco Central Europeu diz, quando revela que os preços da habitação em Portugal subiram no corrente, 1,3% no primeiro trimestre e 1,6% no segundo. A situação no sector, não sendo famosa, está longe de ser o pântano que alguns anunciam.

Há muito que o mercado imobiliário português reclama novos paradigmas de actuação. Todos sabemos – ou devíamos saber – que os segmentos do arrendamento urbano e da reabilitação urbana estão, entre nós, muito aquém do que praticado na generalidade dos países da Europa. Esta realidade tem explicações plausíveis e implica soluções que, muitos, há muito tempo, vêm defendendo.

Refiro-me à adopção de soluções que agilizem os despejos dos arrendatários que não cumprem o respectivo contrato de arrendamento, e, refiro-me à adopção de uma fiscalidade sobre o imobiliário que favoreça a reabilitação e o próprio arrendamento. Se os rendimentos provenientes deste mercado continuarem a ser taxados em sede de IRS, e não como outros rendimentos semelhantes, a vontade de investir neste mercado não chega a formar-se.

São temas que temos vindo, com insistência, a colocar na mesa e nas agendas de quem possa contribuir para a respectiva solução, sem a preocupação, tardia, de alguns, em reclamar para eles uma glória que está longe de lhes poder ser atribuída em exclusivo. Eis outro bom senso que também seria desejável.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 22 de Dezembro de 2010 no Diário Económico

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