Ter ou não ter condições para crescer e nesse crescimento poder gerar a riqueza necessária para honrar os nossos compromissos, no plano social mas também no plano das dívidas que tivemos de contrair, até para assegurar um patamar mínimo de bem-estar social para as populações, ter ou não estas condições é que é a questão que se coloca no momento presente.

Esta realidade está a aproximar os discursos dos líderes dos movimentos associativos empresarial e laboral, uns e outros a lançar avisos aos estrangeiros que marcam a nossa governação, no sentido da inevitável necessidade de se por termo a uma austeridade sem limites como parece ser a austeridade que tenta instalar-se entre nós.

Formalmente, os discursos dos líderes que marcam a agenda da concertação social adotam as nuances próprias das diferentes matrizes de quem os profere, mas na essência todos dizem que é impossível continuar a aguentar um remédio que assenta numa austeridade crescente e sem limites.

A questão já não reside em ser ou não ser mais defensor da remuneração do capital versus ser ou não ser mais defensor da remuneração do trabalho. O que se coloca sobre a mesa é que este permanente esticar da corda que aposta no aumento das receitas (pela via dos impostos que os contribuintes suportam), pode ser fatal para o país.

 Ter ou não ter condições para iniciar, rapidamente, a recuperação do país, numa convalescença segura e visível, interna e externamente, é pedra de toque do nosso futuro, neste presente realmente incerto pelas incertezas da bondade das soluções que temos vindo a adotar, mesmo quando clamamos o contrário.  Ignorar que não está a haver um financiamento mínimo de Economias como a nossa, por parte do sistema financeiro – o mesmo sistema que foi salvo, in extremis e num passado muito recente, pelos orçamentos públicos de muitos Estados – é assobiar para o lado como quem não quer ver o que está mas não devia estar a acontecer.

Num risco grave reconhecido por toda a gente.  Isto terá sido dito aos senhores da Troika em sede do Conselho Económico e Social (CES) pelos empresários e sindicalistas portugueses. Cada representante das estruturas representadas no CES terá tido dez minutos de tempo de antena, tradução incluída, para dizer de sua justiça ao FMI, ao BCE e à Comissão Europeia.

Não sei se alguns desses representantes achou que o tempo concedido para intervir neste encontro como os representantes da Troika era pouco, como alguns analistas adiantaram. Só sei que, para dizer o que tem de ser dito dez minutos bastavam e sem necessidade de tradução muito elaborada.

Diz-se né em búlgaro, no em catalão, italiano e inglês, non em francês, nein em alemão, nei em islandês e em norueguês, nie em polaco, niet em russo. E nem é preciso bater com um sapato na mesa – como ficou célebre um não proferido por um representante da extinta União Soviética numa sessão nas Nações Unidas, para que se perceba a justeza dos nossos concertados “nãos” que são “sins” a apontar um outro caminho para a nossa Economia e para as nossas vidas.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 10 de setembro de 2012 no Jornal i

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