Os números do (des)emprego são preocupantes e tocam já valores simbolicamente tidos como alarmantes. Considerando apenas os valores oficiais, que em regra são inferiores aos reais, a percentagem do desemprego em Portugal caminha a passos largos para números que requerem dois dígitos, isto é, 10% ou mais, e já ultrapassa o meio milhão de pessoas.
Paralelamente, as previsões do Banco de Portugal sobre o desemprego são pessimistas – apontam para que o emprego em Portugal registe uma quebra de 2,6% este ano e para que continue a baixar no próximo ano, devido à contracção da economia, em valores projectados de 1,5%.
Esta evolução – que também influencia o valor da produtividade, aferido pela manutenção de emprego não utilizado a cem por cento no processo produtivo – continuará negativa mesmo quando a economia começar a recuperar, por o factor desemprego reagir com algum atraso às evoluções da Economia.
Nas projecções do Banco de Portugal – que são as que são independentemente de se gostar ou não do mensageiro habitual – o sector privado vai conhecer uma quebra de emprego, em contraste com o que poderá acontecer no sector público, numa curiosa inversão das últimas tendências da economia, no que diz respeito a esta matéria.
Por tudo isto, parece fundamental que as forças políticas portuguesas, nomeadamente as que dizem ter um sentido de Estado, se entendam com clareza no que respeita à promoção de obras públicas, solução adoptada pelas economias nossas aliadas, dos EUA ao Reino Unido, passando por outras democracias fortes da Europa, em nome da criação de emprego.
Para que não cheguemos ao extremo de, artificialmente, termos de contratar dois ascensoristas por elevador (um para controlar a subida, outra para a descida) de modo a minorar um problema – o do desemprego – que poderá contaminar irreversivelmente as próprias bases em que assenta a nossa Economia.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 25 de Julho de 2009 no Expresso