Mais de 10.000 estrangeiros já compraram imóveis em Portugal no corrente ano de 2014. Este número corresponde a 21% do total das transações imobiliárias realizadas entre nós no primeiro semestre, projetando-se até ao fim do ano que o investimento estrangeiro no nosso imobiliário possa representar um investimento superior a 1,5 mil milhões de euros.
O volume deste investimento confirma a importância do regime fiscal para os residentes não habituais e do programa de autorização de residência para investimento, os chamados vistos Gold, dois canais de captação de investimentos que ultrapassaram em muito as mais optimistas expectativas e que provam o que durante anos vim defendendo – a segurança e o valor do nosso património construído.
Tão importante como estes números, que confirmam a fidelidade de mercados clássicos, como é o caso do mercado britânico relativamente ao Algarve, mas também a crescente procura por parte de investidores de economias emergentes, com destaque para os investidores chineses, claramente apaixonados por Lisboa, tão importante como estes números é a confiança que eles geram na própria procura interna, uma procura que não deixou de existir mas que viveu momentos de alguma retração em parte motivada pelas dificuldades de acesso ao crédito.
Ainda no que se refere à geografia dos investidores estrangeiros, devo sublinhar a tendência para uma crescente procura do nosso país como país de segunda residência por parte de cidadãos europeus que aproveitam o recém aberto regime fiscal para os residentes não habituais. Neste programa são os investidores franceses aqueles que mais se destacam nesta descoberta de Portugal, como aliás há muito venho referindo.
A França é realmente um dos países da Europa que melhor acolhe o processo de internacionalização do imobiliário português, reconhecendo que o nosso país, sem qualquer bolha imobiliária, com imóveis de muito boa qualidade e com atraentes soluções de reabilitação, apresenta uma oferta competitiva junto de investidores estrangeiros. A par de um país aberto aos estrangeiros, com bom clima, e com um custo de vida que se situa entre os melhores na relação do preço com a qualidade.
Este bom momento do imobiliário precisa que a boa imagem que Portugal apresenta no exterior não seja posta em causa, de forma artificial, por potenciais leituras precipitadas que algumas situações de grande impacto no universo das notícias dos Mundos da Finança e das Economias possam ocorrer, por força de algumas ocorrências de todo inesperadas mas também por força de alguma inabilidade em lidar com problemas desta natureza.
Se não soubermos estar à altura destas difíceis situações não será só o imobiliário, com perspectivas de alguma retoma significava, a sofrer – outros sectores como a saúde, a hotelaria, a restauração, o turismo, para citar apenas alguns, também serão indiretamente atingidos se esta tendência positiva deste sector decisivo para a nossa Economia não prosseguir.
Todos os cuidados a ter nesta rentrée serão poucos para o que está aqui e agora em jogo.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 03 de setembro de 2014 no Público