O que é mais chocante na notícia da baixa médica de António Horta Osório, há oito meses CEO do Lloyds, é que, os mercados tenham ficado chocados com a necessidade da paragem forçada por razões de saúde. Aos 47 anos foi lhe diagnosticado fadiga extrema por excesso de trabalho e prescritos dois meses de descanso absoluto.

Nos mercados, esses espaços de negócios onde, por sóbrios corredores que ligam vários gabinetes de vários poderes, circulam os CEO’s de grandes empresas em passos firmes e controlados, o conceito de fragilidade não se aplica à condição humana. Esta arrogância para com o Homem, longe de ser uma virtude é uma das maiores fraquezas das Economias.

Os Mercados, as Economias, as Economias de Mercado são conceitos que só ganham sentido se assumidos em função das necessidades e dos interesses das pessoas, sejam as que vendem sejam as que compram, sejam as que produzem sejam as que consomem, na certeza de que o acesso ao consumo só é possível quando se produziu riqueza para tal.

E se as máquinas mais sofisticadas dos mais sofisticados processos de fabrico, como, por exemplo, as que produzem certos componentes electrónicos, carecem de cuidados extremos no que respeita à temperatura e à humidade dos locais onde estão instaladas, a complexa máquina humana, que faz girar tudo isto e em nome de quem se faz tudo isto, deverá merecer ainda maior cuidado.

Esta é a primeira condição para superar a crise. Devolver a saúde a todas as pessoas, CEO’s  incluídos.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 16 de Novembro de 2011 no Diário Económico

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