Se é certo, como lembra o Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman, em artigo do New York Times, que o El Pais publicou na terça-feira de Carnaval, que cada país da zona Euro, isoladamente, pouco poderá fazer no quadro das economias da moeda única, economias que vivem o que já é chamado de primeira crise do euro, a verdade é que todos estes países devem, pelo menos, evitar que, internamente, se gerem muitas ondas de sinal negativo. Tudo, ou quase tudo, pode fazer a diferença. Pela negativa e pela positiva.
A delicadeza da situação económica internacional está a gerar acordos alargados nos países mais afectados pela crise. Não há alternativa, como aliás Bruxelas, implicitamente, está a lembrar e a impor com as propostas de solução aplicadas à Grécia. Até em Espanha, onde as clivagens políticas, por razões históricas conhecidas, são muito fortes, as principais forças ensaiam aproximações no quadro do regime, mesmo que o verbo político seja, na aparência, de forte divergência.
Na minha modesta opinião, sou tentado a admitir, como muito provável, a opinião de muitos economistas que dizem que o ligeiro crescimento, em alguns países, verificado no último trimestre de 2009, foi em grande parte alavancado pelos apoios dados pelos Estados aos respectivos sistemas financeiros, situação que tenderá a diminuir em 2010, nomeadamente no que toca aos juros do Banco Central Europeu e a outras facilidades incompatíveis com a redução dos défices públicos. Se, apesar disto ainda nos dividimos em querelas artificiais, a nossa própria confiança pode demorar mais tempo a chegar.
Às vezes, temos de renunciar à ideia, mesmo que totalmente generosa, de transformarmos de um dia para o outro, a realidade para, em alternativa, nos adaptarmos a essa mesma realidade. É o que parece estar a acontecer a Barack Obama, segundo um outro articulista do El Pais, que também leio com agrado e algum proveito. É, também, por tudo isto, que continuo optimista, sem esmorecer, e que continuo a pugnar pela internacionalização da nossa economia, nomeadamente no sector imobiliário.
As exportações podem não ser a solução de todos os nossos problemas, e podem até não ser a solução principal para os países de forte economia, mas para um país pequeno como o nosso, de economia a condizer, fazem bem a diferença. Desde que tudo e todos remem no mesmo sentido, o que aqui e agora faz todo o sentido.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 20 de Fevereiro de 2010 no Diário de Notícias